Uma análise de dados de quase 20 mil gestações no Canadá concluiu que a vacinação contra a COVID-19 durante a gravidez é segura e traz benefícios significativos, não só para a saúde das grávidas como também para a dos bebés. O estudo associa a vacinação a um menor risco de hospitalização, de doença grave e de parto prematuro.
O trabalho analisou casos de infeção por COVID-19 registados entre 5 de abril de 2021 e 31 de dezembro de 2022, abrangendo os períodos em que as variantes Delta e Ómicron foram predominantes. Os dados foram recolhidos em várias províncias e territórios canadianos, incluindo a Colúmbia Britânica, Alberta, Manitoba, Ontário, Quebec, Nova Brunswick, Ilha do Príncipe Eduardo, Nova Escócia e Yukon.
Segundo a autora principal do estudo, Deborah Money, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), os resultados são inequívocos.
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“As evidências são extremamente claras: a vacinação contra a COVID-19 é segura e eficaz durante a gravidez”, afirmou em comunicado.
De acordo com os dados analisados, o risco de hospitalização foi cerca de 60% inferior nas grávidas vacinadas, enquanto o risco de necessidade de cuidados intensivos foi cerca de 90% menor, mesmo após o ajustamento para fatores como idade ou doenças pré-existentes.
O estudo conclui ainda que os partos prematuros foram significativamente mais frequentes entre grávidas não vacinadas. Os efeitos protetores mostraram-se ainda mais pronunciados nas mulheres vacinadas durante a gravidez, em comparação com aquelas que tinham sido vacinadas antes de engravidar.
Para Elisabeth McClymont, professora assistente da UBC e também autora do estudo, a gravidez representa um momento crucial para a prevenção.
“A gravidez é um período único de vulnerabilidade, mas também de oportunidade. Este estudo reforça como a vacinação pode fazer uma diferença real para a saúde materna e neonatal”, sublinhou.
A investigadora acrescenta que nunca é tarde para receber a vacina.
“Nunca é um mau momento para se vacinar — quer esteja grávida, quer esteja a planear uma gravidez. Os nossos dados sugerem até benefícios adicionais quando a vacinação ocorre durante a gestação.”
As orientações sobre a vacinação contra a COVID-19 na gravidez continuam a variar entre países e têm sido alvo de alterações recentes. Nos Estados Unidos, uma decisão do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) de retirar a vacina do calendário recomendado para “crianças saudáveis e grávidas saudáveis” levou à interposição de uma ação judicial por várias organizações médicas.
Entre as entidades que contestam a decisão está a Academia Americana de Pediatria, que considera que a medida expõe populações vulneráveis a riscos desnecessários.
“Esta decisão expõe imediatamente estas populações vulneráveis a uma doença grave, com efeitos potencialmente irreversíveis a longo prazo e, em alguns casos, à morte”, refere o processo judicial.
O estudo canadiano vem reforçar um conjunto crescente de evidências científicas que demonstram que as vacinas contra a COVID-19 são seguras durante a gravidez e ajudam a prevenir complicações perinatais potencialmente graves.
“Estas descobertas fornecem informações cruciais para grávidas e profissionais de saúde e apoiam fortemente as orientações de saúde pública que recomendam a vacinação durante a gravidez”, concluiu Deborah Money.
O estudo foi publicado na revista científica JAMA (Journal of the American Medical Association).
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