Para muitas mulheres, a primeira reação quando chega a menstruação é recorrer a uma chávena de café para combater o cansaço e as oscilações de humor. No entanto, cresce a atenção em torno de uma questão recorrente: o consumo de café pode estar a agravar as cólicas menstruais?
A resposta não é igual para todas, mas a ciência aponta para uma relação que merece atenção, sobretudo em mulheres que sofrem de dores menstruais intensas.
As cólicas menstruais, clinicamente designadas por dismenorreia, surgem quando o útero se contrai para eliminar o seu revestimento durante a menstruação. Estas contrações são provocadas pelas prostaglandinas, substâncias semelhantes a hormonas. Quando os níveis destas substâncias são elevados, as contrações tornam-se mais fortes e dolorosas, podendo provocar dor no baixo-ventre, costas e coxas, e até interferir com a rotina diária.
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O café contém cafeína, um estimulante natural do sistema nervoso central. Apesar de ajudar a aumentar temporariamente a energia e a concentração, durante o período menstrual a cafeína pode ter efeitos menos positivos.
Especialistas citados pela Continental Hospitals, apontam vários mecanismos através dos quais o café pode agravar as dores menstruais:
1. Contração dos vasos sanguíneos: A cafeína provoca o estreitamento dos vasos sanguíneos, reduzindo o fluxo sanguíneo para o útero. Esta diminuição da circulação pode obrigar os músculos uterinos a contrair-se com mais intensidade, aumentando a dor.
2. Aumento do stress e da ansiedade: Durante a menstruação, o corpo já está mais sensível devido às alterações hormonais. O consumo excessivo de cafeína pode potenciar a irritabilidade, o nervosismo e a ansiedade, fatores que podem amplificar a perceção da dor.
3. Desidratação ligeira: A cafeína tem um efeito diurético suave, aumentando a eliminação de líquidos. Se não houver uma hidratação adequada, pode surgir rigidez muscular, agravando as cólicas.
4. Maior sensibilidade à cafeína: A descida dos níveis de estrogénio e progesterona durante a menstruação pode tornar algumas mulheres mais sensíveis à cafeína, provocando palpitações, inquietação e reações intensas mesmo com pequenas quantidades de café.
Não necessariamente. Cada corpo reage de forma diferente. Algumas mulheres toleram bem uma pequena chávena de café, enquanto outras notam um agravamento imediato das dores e do inchaço.
Os especialistas recomendam algumas estratégias simples. Reduzir a quantidade, optando por uma chávena pequena por dia; consumir café após as refeições, evitando tomá-lo em jejum; substituir por chás de ervas, como camomila, gengibre ou hortelã-pimenta; reforçar a hidratação, bebendo água ao longo do dia; e observar o próprio corpo e ajustar os hábitos conforme os sintomas.
Para além das cólicas, o consumo de café pode agravar outros sintomas comuns do período menstrual: inchaço e desconforto digestivo, devido ao aumento da acidez gástrica; sensibilidade mamária, associada à influência da cafeína nos tecidos hormonais; e alterações do sono, sobretudo se consumido ao final do dia, o que pode aumentar a fadiga e a perceção da dor.
Durante a menstruação, algumas escolhas alimentares podem ajudar a aliviar o desconforto. Água morna e chás de ervas, que ajudam a relaxar os músculos; chá verde, com menor teor de cafeína e propriedades anti-inflamatórias; chá de gengibre, conhecido pelo seu efeito analgésico; alimentos ricos em magnésio, como bananas, espinafres e amêndoas; ou chocolate negro, consumido com moderação, que pode melhorar o humor e aliviar as cólicas.
As cólicas ligeiras são comuns, mas dores intensas, persistentes ou incapacitantes não devem ser ignoradas. Podem ser sinal de problemas como endometriose, miomas uterinos ou doença inflamatória pélvica. Nestes casos, é fundamental procurar um ginecologista para diagnóstico e tratamento adequados.
O café pode, de facto, agravar as cólicas menstruais em algumas mulheres, sobretudo devido à contração dos vasos sanguíneos, ao aumento do stress e à desidratação. A moderação e a atenção aos sinais do corpo são essenciais.
Cuidar da saúde menstrual faz parte do bem-estar geral. Se as dores forem frequentes ou severas, procurar acompanhamento médico é o passo mais seguro para melhorar a qualidade de vida.
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