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Momento único: fotógrafo capta dois fenómenos raríssimos

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 6 horas atrás em 16-12-2025

Imagem: Valter Binotto

Parece uma cena saída de um filme de ficção científica, mas é real. O fotógrafo italiano Valter Binotto conseguiu captar, numa única imagem, dois fenómenos atmosféricos extremamente raros e pouco compreendidos pela ciência: um ELVE e um sprite vermelho, ocorridos em simultâneo sobre uma forte trovoada em Itália, perto de Veneza.

Os dois fenómenos pertencem à categoria dos Transient Luminous Events (TLE) — eventos luminosos transitórios que surgem muito acima das nuvens de tempestade, na alta atmosfera, e duram apenas milissegundos, sendo normalmente invisíveis a olho nu.

O ELVE (sigla para Emissions of Light and Very Low Frequency Perturbations due to Electromagnetic Pulse Sources) manifesta-se como um anel ou disco luminoso que se expande rapidamente na base da ionosfera, a cerca de 80 a 100 quilómetros de altitude, provocado por um pulso eletromagnético extremamente poderoso gerado por um raio.

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Já o sprite vermelho surge como uma estrutura avermelhada em forma de medusa ou cenoura, estendendo-se entre os 40 e os 90 quilómetros de altitude, geralmente após descargas elétricas muito energéticas. Estes fenómenos são considerados raros e difíceis de observar a partir do solo.

A fotografia captada por Binotto mostra um “disco voador” vermelho difuso, correspondente ao ELVE, envolvendo tentáculos luminosos, que representam o sprite vermelho — uma combinação excecional de dois eventos atmosféricos no mesmo instante.

Segundo o fotógrafo, o pulso eletromagnético gerado pela descarga elétrica propagou-se por centenas de quilómetros, atingindo a ionosfera e criando os dois fenómenos quase simultaneamente.

“Desde que comecei, há mais de dez anos, fotografei centenas de sprites. Já os ELVEs, apenas três, incluindo este, que é um evento duplo”, explicou Valter Binotto em entrevista ao IFLScience. “O sprite é o objeto vermelho em forma de tentáculo no centro. O ‘disco voador’ vermelho à volta é o ELVE.”

Para captar estes fenómenos raríssimos, o fotógrafo utiliza uma câmara adaptada para astrofotografia, mais sensível à luz infravermelha, o que aumenta significativamente a probabilidade de registar flashes quase impercetíveis ao olho humano.

A coloração vermelha intensa da imagem deve-se à excitação das moléculas de nitrogénio na alta atmosfera, quando atingidas pela energia libertada pelas descargas elétricas.

A fotografia está a despertar enorme interesse na comunidade científica e entre entusiastas da astronomia e da meteorologia, por documentar um fenómeno atmosférico duplo extremamente raro.

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