Política

Assédio no ministério sem castigo. “Nem que pagues com o corpinho”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 12-12-2025

Imagem: Facebook

O inquérito interno que investigou as acusações de assédio sexual dirigidas a Nataniel Araújo, chefe de gabinete do ministro da Agricultura, concluiu que não existem indícios de qualquer ilícito disciplinar, revelam documentos datados de 5 de dezembro. O assessor mantém-se em funções, nunca tendo sido afastado durante o processo.

O caso ganhou notoriedade depois de a jovem assessora, de 29 anos, ter denunciado mensagens enviadas por Nataniel Araújo, entre as quais uma em que, perante a possibilidade de uma promoção, o chefe de gabinete escreveu: “Nem que pagues com o corpinho”, soube o Correio da Manhã. A assessora deixou o Ministério da Agricultura apenas três meses depois de entrar, alegadamente devido a esta situação.

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A investigação da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território analisou todas as trocas de mensagens apresentadas por ambas as partes. A jovem alegou não só assédio sexual, mas também perseguições e esperas à porta de casa, durante a madrugada.

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Nataniel Araújo, por sua vez, justificou à entidade investigadora que a assessora terá deixado de comparecer ao trabalho e que, sabendo a sua morada, se dirigiu ao local apenas para verificar o que se passava.

Companheiro da deputada Carla Barros (AD), Nataniel Araújo foi vereador em Vila Real, adjunto no Ministério do Ambiente e, desde 2025, chefe de gabinete no Ministério da Agricultura e Mar. O Correio da Manhã contactou o responsável, mas este não prestou qualquer reação.

O despacho publicado em Diário da República confirma que a assessora apresentou pedido de exoneração, aceite com efeitos a 19 de setembro. Segundo a própria, a saída esteve diretamente relacionada com o alegado assédio.

A jovem tentou ainda alcançar um acordo financeiro que garantisse “o pagamento integral dos vencimentos até ao final do mandato do ministro”, mas a proposta não foi aceite.

Quando apresentou os factos ao ministro José Manuel Fernandes, a assessora foi informada de que estariam prontas uma queixa-crime, uma participação laboral e um comunicado à imprensa.

Apesar disso, o inquérito concluiu pela inexistência de infrações disciplinares e o caso encerrou-se sem sanções internas, deixando muitas questões por esclarecer e reacendendo o debate sobre mecanismos de proteção e denúncia no setor público.

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