Saúde

O que acontece ao corpo quando faz tatuagens?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 10-12-2025

As tatuagens podem estar longe de ser apenas uma forma de expressão estética. Uma nova investigação científica sugere que os pigmentos injetados na pele podem alterar a forma como o sistema imunitário reage a doenças, levantando novas preocupações sobre os seus efeitos a longo prazo.

O estudo, conduzido pelo Instituto de Investigação em Biomedicina da Università della Svizzera italiana (USI) e publicado na revista PNAS, avaliou a toxicidade das tintas de tatuagem — com foco nas cores preta, vermelha e verde, as mais utilizadas.

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Segundo os investigadores, esta é a investigação “mais extensa até agora” sobre a influência das tintas na resposta imunitária, concluindo que o impacto pode ser maior do que o esperado.

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O estudo revelou que, após serem injetadas na derme, as partículas de tinta não permanecem apenas na pele: elas viajam pelo corpo, acumulando-se no sistema imunitário, sobretudo nos gânglios linfáticos, onde podem permanecer durante anos.

Os cientistas identificaram que os macrófagos, células essenciais da defesa do organismo, capturam os pigmentos mas não conseguem digeri-los, levando essas células a morrer. O processo desencadeia inflamação crónica, o que pode enfraquecer as defesas naturais do corpo, como consta na EuroNews.

As tintas vermelha e preta provocaram as reações mais intensas.

Em experiências com ratos, os investigadores observaram que: os pigmentos acumulados nos gânglios linfáticos permaneceram por dois meses; após a tatuagem, a resposta imunitária dos animais às vacinas contra a COVID-19 foi enfraquecida; paradoxalmente, as mesmas tintas pareceram aumentar a resposta a uma vacina contra a gripe inativada por UV.

Os cientistas alertam, no entanto, que estes resultados precisam de ser validados em estudos humanos e com diferentes tipos de vacinas antes de se tirarem conclusões definitivas.

A Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC) está a analisar potenciais efeitos de longo prazo das tatuagens, nomeadamente ligações a: alterações da resposta imunitária; linfomas; outros tipos de cancro.

Segundo a agência, a exposição aos pigmentos pode ser sistémica, não limitada à área tatuada.

Cerca de 40% dos adultos com menos de 40 anos possuem tatuagens nos EUA e Europa, aumentando a relevância da segurança destas práticas.

As tintas de tatuagem podem conter até 100 substâncias químicas. Enquanto as tintas pretas são feitas sobretudo de pigmento de carbono, muitas tintas coloridas utilizam pigmentos industriais originalmente desenvolvidos para plásticos, vernizes e tintas — não para uso no corpo humano.

Na União Europeia, a regulamentação das tintas é reforçada desde 2022 através do REACH, que define limites mais rígidos para substâncias potencialmente perigosas.

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