Os preços do gás natural na Europa têm vindo a descer, mesmo com a chegada do Inverno e o aumento da procura. Na semana passada, o índice de referência europeu (TTF, nos Países Baixos) caiu abaixo dos 28 euros por MWh, o valor mais baixo desde abril de 2024.
No conjunto do ano, o gás natural desvalorizou mais de 45% e mais de 90% face aos máximos históricos registados após a invasão da Ucrânia e a crise energética de 2022, recorda a Euronews.
A descida dos preços tem sido possível graças ao aumento das exportações de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos para a Europa, compensando a redução da oferta vinda da Rússia e ajudando a equilibrar o mercado energético.
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Contudo, o cenário pode virar ao contrário.
Segundo um estudo do Instituto Fraunhofer, a tendência futura aponta para um aumento significativo dos custos para os consumidores, não por falta de gás, mas pelo efeito do próprio mercado: quanto menos pessoas utilizarem gás natural para aquecimento, mais caro ficará para quem continuar dependente dele, pode ler-se no ZAP.
O relatório traça mesmo um cenário extremo: as tarifas anuais de gás para uma residência com consumo médio de 15.000 kWh podem subir dos atuais 400 euros para 4.300 euros.
A razão? A transição energética está a reduzir gradualmente o número de utilizadores de gás natural, mas os custos de infraestrutura — redes, manutenção e operação — mantêm-se. Divididos por menos consumidores, tornam-se muito mais elevados para cada um.
Na Alemanha, por exemplo, o rumo está definido na própria Constituição: o país pretende atingir a neutralidade climática até 2045, o que significa a eliminação progressiva do gás natural fóssil. Atualmente, 56% das casas alemãs ainda dependem dele para aquecimento.
Assim, embora os preços estejam a cair neste momento, os especialistas avisam: o futuro pode trazer contas de gás substancialmente mais altas para quem permanecer ligado à rede nos próximos anos.
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