Saúde

Investigadores avisam grávidas sobre água contaminada

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 10-12-2025

Um novo estudo alerta para riscos significativos para a saúde dos bebés quando mulheres grávidas consomem água de poços situados a jusante de áreas contaminadas com PFAS — substâncias químicas conhecidas como “químicos eternos”.

Os investigadores concluíram que a exposição a estas substâncias aumenta de forma substancial a probabilidade de baixo peso à nascença, parto prematuro e até mortalidade infantil.

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De particular preocupação, a equipa de economistas e hidrólogos responsável pelo estudo identificou um aumento expressivo de casos de peso extremamente baixo e de partos extremamente prematuros, ambos associados a problemas de saúde persistentes ao longo da vida.

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As PFAS — substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas — têm sido alvo de crescente atenção devido à sua persistência no ambiente, capacidade de acumulação no organismo humano e potenciais efeitos nocivos mesmo em concentrações mínimas. Até agora, grande parte do conhecimento sobre o seu impacto reprodutivo baseava-se em estudos com animais ou em correlações entre níveis de PFAS no sangue humano e problemas de saúde, abordagens com limitações reconhecidas.

Para ultrapassar essas limitações, os investigadores recorreram a um “experimento natural”: analisaram a localização de poços que abastecem comunidades no estado norte-americano de New Hampshire e cruzaram essa informação com os resultados de todos os nascimentos ocorridos entre 2010 e 2019.

Foram examinados 11.539 nascimentos ocorridos num raio de cinco quilómetros de locais contaminados. A contaminação tinha origem industrial, em aterros ou em atividades de combate a incêndios. Como as PFAS se infiltram lentamente nos solos até atingirem águas subterrâneas, os poços situados a jusante apresentavam níveis significativamente mais elevados destas substâncias do que os localizados a montante — um contraste que permitiu avaliar a exposição involuntária das grávidas, pode ler-se no The Conversation.

Importa notar que, antes de 2016, a maioria das mulheres não teria sequer conhecimento da presença de PFAS na água, já que os dados sobre localização dos poços não são públicos.

Os resultados são claros e preocupantes. 43% maior probabilidade de baixo peso à nascença (menos de 2.500 g) entre mulheres abastecidas por poços a jusante. 20% maior probabilidade de parto prematuro (antes das 37 semanas) e 191% maior probabilidade de mortalidade infantil no primeiro ano de vida.

Convertidos em valores por cada 100.000 nascimentos, estes riscos traduzem-se em: mais 2.639 bebés com baixo peso, mais 1.475 partos prematuros e mais 611 mortes infantis

Os casos mais graves revelam ainda aumentos chocantes: 180% mais bebés com menos de 1.000 g e 168% mais partos antes das 28 semanas.

Para apoiar decisões políticas, os investigadores estimaram os custos económicos dos impactos associados à exposição a PFAS, considerando despesas médicas, consequências para a saúde ao longo da vida e perda de rendimento futuro.

Estes valores superam largamente o custo anual estimado para remover PFAS da água potável nos EUA — cerca de US$ 3,8 mil milhões, segundo a American Water Works Association. Parte deste valor recairia sobre consumidores, mas os autores defendem que os benefícios em saúde pública justificam plenamente os investimentos.

Embora muitas PFAS de “cadeia longa”, como PFOA e PFOS, já não sejam produzidas nos EUA, permanecem no solo e nas águas subterrâneas. As tecnologias para remover PFAS continuam em desenvolvimento, mas filtros de carvão ativado — tanto em sistemas públicos como domésticos — conseguem eliminar eficazmente estes compostos de cadeia longa.

A mensagem final dos investigadores é clara: grávidas têm razões especiais para se preocupar com a presença de PFAS na água potável. Caso suspeitem de contaminação, devem considerar instalar filtros adequados e substituí-los regularmente.

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