Portugal

Amianto está em muitos mais locais que escolas

Notícias de Coimbra com Lusa | 51 minutos atrás em 09-12-2025

A presidente da associação SOS Amianto, Carmen Lima, alertou hoje para a continuação do perigo para a saúde pública que representa o amianto, presente em muitos mais locais e aplicações do que em escolas.

Apesar de muitas vezes se associar às coberturas das escolas, o amianto, grupo de minerais usados na construção e relacionados com doenças como cancros, está presente em muitos mais espaços e a sua remoção decorre “a passo de caracol”, afirmou Carmen Lima durante uma audição na comissão parlamentar de Ambiente.

PUBLICIDADE

publicidade

“Foram identificadas 4.000 aplicações diferentes do amianto no mundo”, desde autoclismos a tubos de canalização, pavimentos ou tetos falsos, em edifícios públicos ou não, disse a presidente da SOS Amianto aos deputados.

PUBLICIDADE

A associação pediu há mais de 10 anos a criação de uma estratégia portuguesa para o amianto, afirmou, acrescentando que também não há um modelo para o licenciamento de empresas que trabalham na remoção do amianto, que a fiscalização que se faz é “de secretária” e que as pessoas que trabalharam nas fábricas de amianto “não ficaram a ser seguidas” para detetar problemas de saúde.

Questionada pelos deputados sobre a nova diretiva sobre a matéria que Portugal tem de adotar até ao fim do ano e que obriga a uma inventariação do amianto, Carmen Lima disse que a lei portuguesa já obriga a uma inventariação de edifícios públicos e de privados como local de trabalho e acrescentou que é importante que essa inventariação seja feita, como é importante que seja dada formação.

“Em Portugal, com oito horas de formação, colocamos trabalhadores a remover amianto”, disse, alertando que também não é dada informação à população quando há uma intervenção de remoção num determinado local.

Reafirmando que há falta de dados sobre a incorporação de amianto nos edifícios, Carmen Lima destacou também que o produto é proibido em 66 países e que na Europa entram produtos de outros países que contém “fibras minerais”.

Carmen Lima, engenheira do Ambiente e especialista em amianto, disse que nesta matéria se falou muito da cobertura das escolas mas que se esqueceu de todo o resto, e reafirmou que as pessoas que no passado trabalharam nas fábricas de amianto estão hoje “entregues a si próprias”.

Na página da SOS Amianto, Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto, diz-se que morrem por ano em Portugal 36 pessoas com mesotelioma, um cancro provocado pela exposição ao amianto, que os efeitos da exposição podem demorar 20 anos a manifestar-se e que só 3% das doenças relacionadas com amianto são notificadas.

Num documento apresentado na audição parlamentar a associação diz que o amianto é responsável por mais de 70.000 mortes anuais na Europa e está associado a cerca de 78% dos cancros profissionais identificados na União Europeia.

A SOS Amianto defende que é urgente uma estratégia nacional que defina uma entidade coordenadora, que se cumpra a obrigatoriedade de um inventário da situação, que se reforce a fiscalização, a proteção e a vigilância médica.

“A desregulação do setor e a ausência de liderança governativa colocam Portugal numa posição difícil face aos desafios propostos pela Diretiva Comunitária”, alerta a associação.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE