Higiene Urbana, escolas e vários equipamentos municipais serão dos setores mais afetados pela greve geral marcada para quinta-feira, na administração local, onde se deverá registar uma “grande adesão”, segundo perspetivaram dirigentes sindicais, ouvidos hoje pela agência Lusa.
“A marcação desta greve teve a virtude de trazer para a discussão pública quais as intenções do Governo com o anteprojeto de alterações à legislação laboral. Há uma grande vontade de impedir que estas medidas avancem e que estas alterações avancem”, justificou à Lusa a presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), Cristina Torres.
A dirigente sindical referiu que, dos plenários realizados junto dos trabalhadores da administração local, “ficou bem claro o descontentamento face às atuais condições de trabalho e àquelas que se perspetivam no “pacote laboral” do Governo.
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“A legislação hoje já é uma desgraça, portanto, só vai agravar. Os trabalhadores percebem aquilo que está em causa e têm memória, muitos deles ainda do tempo da ‘troika’ e das maldades todas que fizeram”, apontou.
Relativamente aos setores mais afetados por esta paralisação, Cristina Torres destacou a recolha de resíduos, escolas, transportes da responsabilidade das autarquias e diversos equipamentos municipais, como piscinas, museus, pavilhões desportivos e bibliotecas.
A presidente do STAL referiu que a recolha de resíduos será o primeiro serviço a sentir os efeitos da paralisação, com o início do turno de higiene urbana de Évora, a partir das 19:00 de quarta-feira.
O impacto irá estender-se nas horas seguintes a diversos municípios, como Sintra, Amadora, Almada, Loures e Vila Franca de Xira.
“É possível viver melhor, com dignidade. É possível termos melhores salários, melhores horários, mas para isso é preciso que os trabalhadores estejam unidos e lutem por isso”, apelou.
Também ouvido pela Lusa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Nuno Almeida, destacou a importância desta greve para “travar o pacote laboral do Governo”, antecipando que o setor mais afetado pela paralisação será a higiene urbana.
“Aqui na autarquia de Lisboa terá certamente um forte impacto na recolha dos resíduos, mas nos outros serviços públicos da cidade”, ressalvou.
Nuno Almeida previu também um “forte impacto” nas escolas, sobretudo nos jardins-de-infância assegurados pela autarquia e pelas juntas de freguesia, e apontou para o possível encerramento de equipamentos culturais, perturbações nos postos de atendimento e falhas em serviços das empresas municipais.
No entanto, o presidente do STML ressalvou que os serviços mínimos serão garantidos em setores essenciais como higiene urbana, cemitérios, saneamento e proteção civil, nomeadamente pelo Regimento de Sapadores Bombeiros.
“Haverá um conjunto de serviços que os trabalhadores bombeiros não prestarão durante o período de greve geral, sendo claro que nunca ficará em causa o socorro, que é uma das salvaguardas que os nossos serviços mínimos sempre têm pautado e desta vez não será diferente”, assegurou.
Nuno Almeida recordou que esta será a 11.ª greve geral em 50 anos de democracia, classificando-a como “histórica” pelo momento político e pelo nível de contestação às alterações laborais.
“O Governo apresenta um conjunto de alterações com uma carga ideológica em que a balança entre trabalhadores e empregadores sofre um grande desequilíbrio. Será sempre histórica porque, se o Governo levar os seus intentos por diante, as relações de trabalho daqui para a frente mexerão não só com os trabalhadores do município, mas com os trabalhadores de todo o país”, alertou.
A greve geral de 11 de dezembro foi convocada pela CGTP e pela UGT contra a proposta de revisão do Código do Trabalho e será a primeira paralisação conjunta das duas centrais desde junho de 2013, quando Portugal estava sob intervenção da ‘troika’.
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