Um novo estudo publicado na revista científica Appetite revela que grande parte das pessoas sente desconforto quando recebe o prato primeiro num restaurante ou jantar e fica na dúvida se deve começar a comer antes dos outros — mas, surpreendentemente, os restantes à mesa quase nunca se importam com isso.
A investigação, conduzida por especialistas da City University de Londres e da Tilburg University, analisou a forma como as pessoas avaliam o próprio comportamento comparado com o que esperam dos outros. A conclusão é clara: somos muito mais exigentes connosco do que com quem se senta ao nosso lado.
O estudo analisou seis experiências com participantes que tinham de imaginar uma refeição com um amigo. Em alguns cenários, eram os primeiros a ser servidos; noutros, viam o companheiro receber o prato primeiro.
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Quem recebia a comida antes sentia que devia esperar mais do que aquilo que a outra pessoa realmente esperava. Já quem estava à espera avaliava o cenário de forma mais descontraída, mostrando que não se incomodaria se o companheiro começasse a comer, pode ler-se no ZAP.
As investigadoras explicam que este desfasamento acontece porque temos muito mais consciência dos nossos próprios receios — como parecer mal-educados — do que das expectativas reais dos outros.
O estudo testou também algumas intervenções, como pedir aos participantes para se colocarem no lugar do outro ou dizer-lhes que o companheiro de refeição tinha expressamente pedido para começarem a comer.
Mesmo assim, a sensação de estar a violar uma norma social continuou a pesar. A professora Janina Steinmetz, coautora do estudo, sublinha que “a norma dita que esperemos até que toda a comida esteja na mesa para começar”, e que quebrá-la faz com que muitos se sintam “mal-educados e descorteses”.
Os autores recomendam que restaurantes e anfitriões de jantares em casa tentem servir todos ao mesmo tempo, reduzindo este desconforto social, sobretudo em grupos maiores.
Segundo a equipa, ter consciência deste mecanismo pode ajudar-nos a perceber que muitas vezes estamos a esperar mais por nós próprios do que pelos outros — e que, na verdade, ninguém fica incomodado se começarmos a comer quando o prato chega.
O dilema, afinal, está mais na cabeça de quem recebe o prato primeiro do que na mesa inteira.
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