Portugal

2025: Imigrantes marcaram a agenda do ano com mudança política em Portugal

Notícias de Coimbra com Lusa | 12 minutos atrás em 06-12-2025

Os imigrantes em Portugal foram o centro da atenção da agenda política durante 2025 em Portugal, com novas limitações de entrada aos estrangeiros não europeus e restrições adicionais ao reagrupamento familiar ou no acesso à nacionalidade portuguesa.

A figura coletiva dos imigrantes foi eleita personalidade nacional de 2025 pelos jornalistas da agência Lusa, uma eleição que Rui Marques, coordenador do grupo de peritos Consenso Imigração, considera justa e um “sinal de um ano” em que o país “passou da hospitalidade para a hostilidade” em relação aos estrangeiros.

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A imigração foi tema nas duas últimas campanhas eleitorais legislativas. Em 2024, o atual governo PSD/CDS subscreveu as queixas da extrema-direita e acusou o PS de ter uma política de “portas abertas”, e, em 2025, avançou com várias medidas legais que trouxeram novos constrangimentos na entrada de imigrantes, impondo vistos de trabalho passados nos países de origem e prazos adiados para pedidos de nacionalidade ou pedidos de reagrupamento familiar para quem cá está.

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Os vistos de procura de trabalho só passarão a ser atribuídos a quem for qualificado e estão em análise regras mais duras para promover a expulsão de imigrantes, um sinal que “mudou o paradigma da sociedade de acolhimento em relação aos imigrantes” ao longo do ano, afirmou Rui Marques.

“Os imigrantes passaram a ser o bode expiatório para apontar tudo o que está mal, em todos os problemas, que a sociedade portuguesa ia tendo, a responsabilidade passou a ser dos imigrantes”, uma estratégia bem sucedida promovida, “em particular, pelos populismos de extrema-direita”.

Este discurso, e a diabolização dos imigrantes, “representou uma dinâmica social e política com imensas consequências, de uma imensa injustiça para os imigrantes e um castigo para o país”, porque, “apesar do número significativo de imigrantes, temos uma taxa de pleno emprego” e a “taxa de crescimento económico manteve-se”.

A narrativa permanente contra os imigrantes vai prejudicar os “setores que dependem muito dos imigrantes”, como a agricultura, pescas, turismo ou restauração, e “isso constitui uma enorme injustiça para todos”, avisou Rui Marques, que lamenta a falta de memória de quem se queixa dos “estrangeiros pobres” que escolhem Portugal como destino.

“Os imigrantes não são anjos ou demónios, são apenas pessoas como nós que procuram cumprir os seus sonhos de uma vida melhor”, recordou o dirigente da plataforma cívica e fundador do antigo Alto Comissariado das Migrações.

“Portugal tem uma grande história de emigração, sabe bem o que é ter de partir à procura de melhores condições, e este ano não esteve à altura das suas responsabilidades históricas, ao passar da hospitalidade para a hostilidade face à imigração”, considerou.

Em 2025, o país “percorreu um caminho que é preciso reverter” e cabe aos agentes políticos e sociais o papel de “apelar à consciência de cada um”.

“Só assim teremos coesão social, só assim teremos uma sociedade com futuro e construir uma economia justa para todos”, considerou.

2025 foi também o ano em que as autoridades resolveram os processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e reviram os números totais de estrangeiros em Portugal, na ordem de 1,5 milhões de pessoas, que incluem imigrantes económicos, expatriados e estrangeiros que optaram por gozar a reforma em Portugal.

De acordo com o Relatório de Migrações e Asilo 2024, no final de dezembro de 2024 estavam registados 1.543.697 cidadãos estrangeiros a residir em território nacional. Em comparação com o final de 2017, quando residiam em Portugal 421.802 cidadãos estrangeiros, o número quase quadruplicou.

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