O ano de 2025 fica marcado pelo corte no abastecimento elétrico que deixou a Península Ibérica e parte do território francês sem eletricidade mais de dez horas, em 28 de abril, afetando cerca de 60 milhões de pessoas.
O apagão foi o acontecimento nacional do ano escolhido pela redação da agência Lusa.
Pelas 11:30 em Lisboa, um corte generalizado de eletricidade afetou o território continental, com a E-Redes a comunicar a reposição total e normalização do serviço de distribuição de eletricidade nas primeiras horas do dia seguinte.
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O Governo criou um grupo de trabalho para acompanhar o apagão e, inicialmente, ainda com pouca informação disponível, apontou para um problema na rede de transporte de eletricidade em Espanha, cuja razão era ainda desconhecida.
Também às primeiras horas do incidente, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, admitiu a possibilidade de o apagão se dever a um ciberataque, embora fosse “informação não confirmada”.
Pelas 15:00, e depois de divulgadas várias notícias falsas sobre as causas do incidente, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou que tudo apontava para que a origem da falha de energia estivesse na interconexão com Espanha, não existindo quaisquer indicações de ciberataque. Aquela hipótese tinha sido também descartada pelo Centro Nacional de Cibersegurança.
Na sequência do apagão, vários serviços essenciais conseguiram manter-se em funcionamento com recurso a geradores, como os sistemas telefónico e informático do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e hospitais.
Naquela noite, o primeiro-ministro admitiu que o mais difícil de gerir foi o abastecimento de energia aos hospitais, assegurando que não se tinha registado “nenhuma situação limite”.
Dois dias depois, Manuel Castro Almeida disse que a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, só tinha combustível destinado aos geradores para uma hora e indicou que os motoristas dos ministros chegaram a comprar e levar combustível até à MAC, solução que acabou por não ser necessária.
Centenas de voos cancelados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do corte de energia.
O grupo de peritos da Rede Europeia de Operadores de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E) apontou como causa mais provável um aumento de tensão em cascata — observados no sul de Espanha na fase final do incidente — seguido de desligamentos súbitos de produção, sobretudo renovável, que conduziram à separação elétrica da Península Ibérica em relação ao sistema continental, com perda de sincronismo e colapso da frequência e tensão.
O relatório final sobre o apagão elétrico será publicado no primeiro trimestre de 2026.
A Comissão Europeia classificou este apagão como o “mais severo” dos últimos 20 anos na Europa e prometeu uma “investigação minuciosa” para apurar as causas.
Até então, o mais grave incidente deste tipo tinha ocorrido em 28 de setembro de 2003, afetando quase 56 milhões de pessoas em Itália.
Três anos depois, em 05 de novembro de 2006, cerca de 15 milhões de pessoas ficaram sem eletricidade nas zonas sul e central da Europa, devido a um apagão que afetou vários países (Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica, Áustria e Croácia) e teve uma duração que oscilou entre 30 minutos e algumas horas.
Em Portugal, em 09 de maio de 2000, uma cegonha deixou a metade sul do país às escuras, incluindo Lisboa, durante duas horas, na sequência do embate contra uma linha de alta tensão em Lavos, na Figueira da Foz (distrito de Coimbra).
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