A Amazónia voltou a surpreender o mundo científico com uma descoberta que parece saída diretamente de um filme.
Uma equipa internacional de investigadores identificou uma nova espécie de anaconda gigante — possivelmente a maior cobra alguma vez registada — com 8 metros de comprimento e cerca de 200 quilos, escondida nas águas turvas da floresta equatoriana.
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A descoberta foi feita durante uma expedição da National Geographic para a série Pole to Pole with Will Smith, quando o biólogo holandês Freek Vonk, da Universidade de Amesterdão, e mais 14 cientistas de nove países se depararam com o enorme réptil enquanto mergulhavam. Vonk partilhou um vídeo do encontro no Instagram, que rapidamente se tornou viral.
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Segundo Bryan Fry, coautor do estudo e professor da Universidade de Queensland, uma das anacondas observadas media 6,3 metros, mas relatos informais do povo indígena Waorani apontam para exemplares ainda maiores: mais de 7,5 metros e cerca de 500 quilos.
A análise genética revelou que não se tratava apenas de uma anaconda de grande porte, mas sim de uma espécie distinta, provisoriamente designada Eunectes akayima, expressão indígena que significa “grande cobra”. As diferenças genéticas entre esta nova espécie — apelidada de sucuri-verde-do-norte — e a sua parente mais conhecida, a sucuri-verde, chegam aos 5,5%, uma distância maior do que a que separa humanos de chimpanzés.
Estimativas indicam que as duas espécies divergiram há cerca de 10 milhões de anos. Estudos recentes, publicados em 2025, confirmam ainda que as anacondas já atingiam dimensões gigantes há mais de 12 milhões de anos, sugerindo que este tamanho colossal é uma adaptação antiga e não uma anomalia moderna.
No entanto, a classificação científica da nova espécie tem sido alvo de debate. Alguns especialistas consideram o nome Eunectes akayima provisório, apontando que o processo de nomeação poderá não ter seguido todos os critérios exigidos pelo Código Internacional de Nomenclatura Zoológica.
As sucuris são serpentes predominantemente aquáticas que caçam por emboscada, dominando presas como capivaras, jacarés ou veados através da constrição — uma força capaz de esmagar ossos antes de engolir a presa inteira.
Mas a descoberta vem acompanhada de um alerta inquietante. A Amazónia, que alberga 20% da água doce do planeta e uma das maiores biodiversidades do mundo, está sob forte ameaça devido ao desmatamento, à exploração petrolífera e às alterações climáticas.
“A Amazónia está sob imensa pressão”, sublinha Freek Vonk. “Com mais de 20% da floresta já devastada, a sobrevivência destes gigantes está seriamente comprometida.”
Bryan Fry reforça que a nova espécie é particularmente vulnerável devido à sua distribuição geográfica limitada, tornando-a ainda mais sensível às mudanças no ecossistema.
A descoberta, descrita na revista MDPI Diversity, abre novas questões sobre a diversidade oculta da região. “Após 32 anos a estudar sucuris, esta descoberta mostra que há muito por revelar”, afirma o investigador Jesús Rivas. “Quantas outras espécies gigantes podem ainda estar escondidas?”
Num mundo onde a destruição avança mais rápido do que a investigação, esta anaconda monumental surge como símbolo tanto da riqueza biológica da Amazónia como da urgência em protegê-la.
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