Para muitos portugueses, a memória é quase universal: uma sala de aula cheia de crianças, cada uma com a sua flauta, a tentar tocar.
Décadas depois, a pergunta mantém-se: porque razão a flauta doce continua a ser um clássico absoluto das escolas primárias?
A resposta não está na ambição artística. Não é porque alguém considere a flauta o auge da formação musical, mas sim porque este pequeno instrumento reúne todas as características que uma escola precisa: é barata, resistente e extremamente prática.
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Comparada com qualquer outro instrumento, a flauta representa um custo mínimo e praticamente não exige manutenção. Sobrevive a mochilas atiradas ao chão, quedas, uso intenso e até a disputas entre irmãos. Para escolas com orçamentos reduzidos, que precisam de colocar uma turma inteira a tocar um instrumento afinado, é a solução ideal, pode ler-se no Leak.
Além disso, ao contrário de violoncelos, trompetes ou pianos, a flauta pode ir para casa de cada aluno sem complicações, permitindo prática individual — algo essencial no processo de aprendizagem musical.
Apesar das brincadeiras que costuma gerar, a flauta doce desempenha um papel pedagógico importante. É um primeiro passo acessível para o universo da música, ensinando “leitura musical e identificação de notas, coordenação entre respiração e dedos, ritmo e noção de melodia e capacidade de tocar em grupo”.
Ao perceber que consegue criar uma melodia, a criança ganha confiança e motivação para avançar para instrumentos mais complexos, como clarinete, saxofone, flauta transversal, piano ou guitarra.
Assim, por mais que muitos adultos ainda recordem a flauta como um tormento sonoro da infância, ela continua a ser — e provavelmente continuará — a porta de entrada mais económica e eficiente para o mundo da música, moldando gerações de pequenos músicos, mesmo que poucos continuem a tocar o instrumento na vida adulta.
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