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Gatos miam mais para homens porque eles “não percebem nada”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 04-12-2025

Imagem: Pixabay

Se acha que o seu gato mia mais para algumas pessoas do que para outras, pode estar certo. Um novo estudo, publicado na revista Ethology, conclui que os gatos miam significativamente mais quando estão a cumprimentar tutores homens do que tutoras mulheres — e a razão pode ser inesperadamente simples: os homens percebem pior a linguagem corporal subtil dos felinos.

Durante muito tempo, o “miau” foi tratado como um som genérico dos gatos. No entanto, a ciência tem demonstrado que existem múltiplas nuances nessas vocalizações. Foi isso que motivou uma equipa liderada por Yasemin Salgırlı Demirbaş, da Universidade de Ancara, a analisar em detalhe o comportamento de saudação felina.

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Os investigadores filmaram 31 gatos nas suas próprias casas, através de pequenas câmaras presas ao peito dos seus cuidadores. Os vídeos captaram os primeiros minutos após cada pessoa entrar em casa e permitiram analisar 22 comportamentos diferentes.

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Um dado destacou-se de imediato: os gatos vocalizam muito mais quando quem entra é um homem.

Segundo os autores, isto deve-se ao facto de os homens serem, em média, menos sensíveis às pistas subtis da linguagem corporal felina. Ou seja, os gatos percebem que precisam de “levantar a voz” para serem entendidos. “Um leve movimento da cauda não vai funcionar”, sintetizam os investigadores.

Estudos anteriores já tinham mostrado que as mulheres tendem a interagir de forma mais verbal com os animais e são melhores a interpretar as nuances das vocalizações. As mulheres recorrem mais frequentemente à chamada “fala dirigida a gatos” — um tom mais agudo e melodioso, semelhante ao usado com bebés, que sinaliza afeição.

O estudo identificou um conjunto de comportamentos que, juntos, formam um claro “olá, gosto de ti” felino:

  • Cauda erguida — sinal visual de paz e intenção amigável
  • Aproximação ativa — o gato reduz a distância por iniciativa própria
  • Alorubbing — esfregar a cabeça ou flanco no tutor, trocando cheiros

Este “abraço felino” foi observado de forma consistente em gatos de todas as idades e raças. O único fator que alterou a intensidade da saudação foi, novamente, o género do humano.

O estudo também questionou a velha ideia de que os gatos só cumprimentam os donos porque querem comida.

Para isso, os investigadores analisaram comportamentos ligados à alimentação. O resultado foi claro: os rituais de saudação não estavam associados à fome. Os gatos cumprimentavam os donos porque estes regressavam ao “grupo social”, e não porque esperavam ser alimentados.

“A motivação alimentar não é o principal determinante do comportamento no contexto da saudação”, conclui o estudo.

O estudo foi realizado na Turquia e os autores reconhecem que diferenças culturais podem influenciar os resultados, sobretudo em relação ao modo como homens e mulheres interagem com animais. Não é certo que gatos noutros países reajam da mesma forma.

Mas o essencial permanece: Os gatos ajustam a sua forma de comunicação consoante a pessoa à sua frente.

Leem sinais, avaliam a recetividade e adaptam o miado para garantir que passam a mensagem.

Da próxima vez que entrar em casa e o seu gato começar a miar insistentemente, não interprete como queixa. Pode ser o contrário.

É o seu gato a dizer-lhe, da melhor forma que sabe: “Ainda bem que chegaste.”

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