O presidente eleito da Associação Académica de Coimbra afirmou hoje que irá assumir uma “postura mais incisiva” junto do Ministério da Educação, acusando a tutela de olhar para o diálogo dos estudantes como mero cumprir de calendário.
“Queremos manter o diálogo com o Ministério [da Educação, Ciência e Inovação] para que as nossas intenções sejam ouvidas e implementadas, mas isso, até agora não aconteceu, o que pressupõe que teremos de ter uma postura muito mais incisiva”, disse à agência Lusa José Machado, que venceu as eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/ACC), que decorreram na quarta-feira.
A lista C, liderada por José Machado, venceu as eleições com 80,11% (3.157 votos), contra a lista A, liderada Ana Úrsula, com 19,89% (784), num sufrágio que teve uma abstenção de 85,58% (havia um universo de 29.268 eleitores).
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Para o vice-presidente da DG/AAC cessante e novo líder da associação, a relação com a tutela poderá implicar uma maior presença na rua por parte do movimento estudantil, para reivindicar as suas posições.
José Machado acusou a tutela de utilizar os estudantes do ensino superior como “meros cumpridores de calendário”, referindo que as suas propostas nunca ficam plasmadas nas políticas aplicadas.
Como exemplo, o dirigente estudantil apontou para a vontade da tutela em descongelar a propina, que acabou barrada no Parlamento, ou a falta de diálogo com os estudantes na revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior.
“Esta banalização de reunirem connosco e depois a visão não ser integrada tem-nos deixado descontentes”, notou, defendendo que é necessário mobilizar o movimento estudantil, reposicionando, ao mesmo tempo, a AAC na liderança dessa plataforma.
O presidente eleito da DG/AAC entende que os estudantes poderão atuar “politicamente de forma diferenciada”, com ações de protesto criativas.
“Não serem apenas manifestações, mas apostar também em mecanismos diferenciados para abalar e abanar o Governo e o Ministério de forma diferente”, disse.
Face a dificuldades na habitação e no acesso ao próprio ensino superior, José Machado defendeu que a sua direção irá procurar reforçar a ação social, assim como lutar para o fim da propina, entendendo que o ensino superior deve ser gratuito e universal.
Em declarações à Lusa, o estudante considerou que este será um mandato “bastante desafiante” também do ponto de vista financeiro e administrativo.
No caso administrativo, José Machado considerou que é necessário assegurar a sustentabilidade e agilização dos serviços da Associação Académica de Coimbra, acreditando que uma reformulação da orgânica da equipa poderá ajudar nesse aspeto.
No campo financeiro, José Machado reconheceu que a dívida externa e interna ainda assume “um valor avultado”, que se situa “abaixo de um milhão de euros”.
“Queremos continuar o trabalho feito e abater a dívida e solucionar problemas”, vincou.
José Machado, de 21 anos, é estudante de mestrado em administração público-privada na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo estado nas três direções-gerais anteriores.
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