O NDC foi até à Estrada Nacional 111, em Tentúgal, visitar a pastelaria que já é paragem obrigatória para quem é apaixonado por doçaria conventual: a Pastelaria Moinho Novo.
O espaço tornou-se conhecido não apenas pelos seus pastéis de Tentúgal — que já conquistaram três medalhas de ouro consecutivas — mas também por permitir algo absolutamente raro: ver o fabrico deste doce ao vivo.
“Chamamos a isto o fabrico do pastel de Tentúgal ao vivo”, explica José Carlos, responsável pelo projeto.
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“O cliente está a tomar o pequeno-almoço ou o café e consegue ver tudo a ser feito na hora.”
A magia acontece num estrado de madeira forrado a panos de linho. A Marta — uma das artesãs da casa — coloca no centro uma bola de massa feita apenas com “farinha e água, nada mais”. Depois, começam os puxões. São quatro no total, cada um seguido de um breve repouso para a massa não rasgar.
O resultado é qualquer coisa de inexplicável: uma folha tão fina que se torna translúcida. “Reza a história que as irmãs só consideravam a massa pronta quando conseguiam ler a Bíblia através dela”, conta o proprietário. E olhando para a massa, percebe-se que não é exagero.
Ao contrário do que muitos imaginam, o segredo não está na elasticidade da massa. “Para mim, o pastel de Tentúgal não tem segredo. É um doce conventual que nasceu no século XVI e toda a população aqui cresceu a fazê-lo”, diz José Carlos.

Mas há um segredo, sim: o doce de ovos que vai no interior. Cada casa tem a sua fórmula e essa não se revela. “Aí sim, cada produtor tem o seu segredo — e ainda bem”, admite.
Outro detalhe curioso é o utensílio usado para pincelar a massa com manteiga: uma pena. Sim, uma pena verdadeira.
“É sagrada, porque é tão leve que não esmaga a massa. Um pincel normal aplicaria demasiada manteiga e deixava o doce mais pesado”, explica. E não, não é superstição: faz mesmo diferença.
Refira-se que o pastel de tentúgal é um doce com a certificação Indicação Geográfica Protegida (IGP), o que significa que a sua produção é protegida e deve seguir um caderno de especificações específico.
A certificação garante a autenticidade e a tradição do produto, limitando a sua área de produção à vila de Tentúgal, devido ao método de produção e à área geográfica única, que inclui os concelhos de Montemor-o-Velho e Soure.
Com humildade, José Carlos admite: “Para mim, o meu pastel é o melhor. Mas para o dizer abertamente, tínhamos de ter todos os produtores a concorrer.”
Ainda assim, somam-se três medalhas de ouro consecutivas nas competições de doçaria conventual.
Se quiser arriscar fazer um pastel à mão, como a jornalista tentou — e percebeu rapidamente que “isto é mais complicado do que parece” — boa sorte.
Mas o melhor mesmo será passar pela pastelariae pedir uma caixinha.
Preço: 1 pastel de Tentúgal — 1,50 €; Caixa de 6 — 9 €
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