As comunidades portuárias e as principais associações do setor marítimo-portuário pediram, numa carta aberta, a intervenção do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na greve dos trabalhadores das administrações portuárias, estimando prejuízos de mais de cinco milhões de euros.
De acordo com a missiva, divulgada pela Agepor – Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, as comunidades portuárias e as principais associações representativas do setor marítimo-portuário manifestaram “a sua profunda preocupação relativamente ao conflito laboral que separa os ministérios das Finanças e das Infraestruturas do SNTAP – Sindicato Nacional dos Trabalhadores Administrativos das Administrações Portuárias”.
A paralisação começou em outubro e já foi prolongada até 13 de dezembro, devendo-se, segundo o pré-aviso do sindicato, à “reiterada e incompreensível posição do Ministério das Finanças, que há já muitos meses, impede que seja cumprido o acordo celebrado em 18 de dezembro de 2024” entre a estrutura sindical “e todas as Administrações Portuárias (por proposta das mesmas)”.
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Na carta, os agentes do setor dizem que “o prolongamento desta situação, que já resultou num período de greve recentemente terminado e num novo período de paralisação agora iniciado, tem tido consequências devastadoras para a economia e para a imagem dos portos portugueses”.
De acordo com o documento, até este momento, “foram canceladas dezenas de escalas de navios de carga e sobretudo de passageiros” algo que, defendem, compromete “seriamente a atividade dos portos e, por conseguinte, a conectividade” do país com o resto do mundo.
O documento salientou que os “grandes armadores globais, com um peso significativo na ligação marítima de Portugal ao comércio internacional, têm vindo a alterar as rotas dos seus navios de modo a evitar os portos nacionais”, receando que, alguns desses serviços, “essenciais à atividade exportadora e importadora portuguesa, possam não regressar” aos portos nacionais, “agravando ainda mais os prejuízos já sentidos e colocando em risco a sustentabilidade de todo o setor e da economia nacional”.
Assim, segundo a informação recolhida junto de vários agentes de navegação, “estima-se que os prejuízos diretos no setor ultrapassem já os cinco milhões de euros, valor este que tende a agravar-se a cada dia de paralisação adicional”.
Apelam assim ao primeiro-ministro que intervenha, “com caráter de urgência e de forma decisiva”, para “promover o diálogo entre as partes envolvidas e encontrar uma solução célere e duradoura para este conflito”.
“Só assim será possível salvaguardar o interesse nacional, proteger os milhares de postos de trabalho direta e indiretamente dependentes da atividade portuária e garantir a competitividade de Portugal no panorama marítimo internacional”, rematam.
Além da Agepor, a carta é assinada pelas comunidades portuárias de Aveiro, Figueira da Foz, Leixões, Lisboa, Setúbal, Sines e Viana do Castelo. Subscrevem ainda a AAMC – Associação dos Armadores da Marinha e Comércio, AEDVC – Associação Empresarial do Distrito de Viana do Castelo, APAT – Associação dos Transitários de Portugal, Câmara do Comércio e Indústria de Viana do Castelo, CPC – Conselho Português de Carregadores, TCGL – Terminal de Carga Geral e de Granéis de Leixões S.A. e a Yilport.
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