Saúde

Alerta de morte: Quem bebe muito álcool está sujeito a hemorragias cerebrais

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 21-11-2025

Um novo estudo indica que o consumo habitual e excessivo de álcool está associado a hemorragias cerebrais mais precoces e graves, reforçando a importância da prevenção.

A investigação, publicada a 5 de novembro na revista Neurology, analisou mais de 1.600 pacientes internados entre 2003 e 2019 no Massachusetts General Hospital devido a hemorragias cerebrais espontâneas e não traumáticas.

Os dados mostram que pessoas que consumiam três ou mais bebidas alcoólicas por dia sofreram hemorragias em média 11 anos mais cedo do que quem bebia pouco ou não bebia, registando danos cerebrais mais graves, hemorragias maiores e maior mortalidade.

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“O consumo excessivo de álcool pode não só aumentar o risco de ter uma hemorragia cerebral numa idade mais jovem, como também agravar os danos subjacentes quando ela ocorre”, afirma Edip Gurol, diretor da Clínica de Prevenção de Acidentes Vasculares Cerebrais com Risco de Hemorragia no Massachusetts General Hospital.

As hemorragias intracerebrais (HIC) acontecem quando um vaso sanguíneo enfraquecido se rompe e sangra no tecido cerebral circundante. Representam apenas 10 a 20% de todos os acidentes vasculares cerebrais anuais, mas são muito mais mortais e prejudiciais do que os AVC isquémicos.

“Aproximadamente 30 a 40% das pessoas que sofrem hemorragias intracerebrais morrem, e muitos sobreviventes ficam com incapacidades permanentes”, explica Kevin Sheth, diretor do Centro de Saúde do Cérebro e da Mente de Yale.

O álcool contribui para estas hemorragias através de vários mecanismos. Pode acelerar a atrofia cerebral, esticando veias delicadas e tornando-as mais propensas a romper, mesmo com pequenos traumas. Além disso, desestabiliza a pressão arterial, prejudica a função plaquetária e danifica o fígado, aumentando o risco de sangramento. Pequenos vasos cerebrais podem sofrer micro-hemorragias que enfraquecem as paredes dos vasos, agravando ainda mais a situação.

O estudo identificou que bebedores inveterados apresentavam hemorragias maiores e extensão intraventricular mais frequente, fatores associados a maior mortalidade. Estas alterações parecem estar relacionadas com o efeito do álcool no envelhecimento vascular e fragilidade dos vasos sanguíneos.

“As imagens cerebrais mostraram mais danos nos pequenos vasos, pressão arterial mais alta e contagem de plaquetas mais baixa”, acrescenta Faye Begeti, neurologista dos Hospitais Universitários de Oxford.

Os investigadores destacam que a investigação foi observacional, ou seja, não prova causalidade, e baseou-se no consumo de álcool auto-relatado, podendo subestimar os níveis reais. Mesmo assim, os resultados reforçam que o álcool não oferece benefícios médicos e aumenta significativamente o risco de acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos.

“O estudo evidencia que prevenir é absolutamente crítico”, sublinha Gurol. Reduzir o consumo de álcool traz benefícios rápidos, incluindo diminuição da pressão arterial, melhoria da saúde do fígado e do coração e redução do risco de AVC e danos cerebrais microvasculares.

Além das hemorragias cerebrais, o consumo excessivo de álcool prejudica quase todos os órgãos do corpo, aumentando o risco de acidentes, hipertensão, fibrilação atrial, doenças hepáticas, cardíacas, vários tipos de cancro e declínio cognitivo.

Os especialistas alertam que, enquanto os tratamentos para AVC hemorrágico continuam limitados, a prevenção permanece como a estratégia mais eficaz para proteger o cérebro e reduzir a mortalidade associada.

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