Quase três mil milhões de pessoas em todo o mundo convivem com algum tipo de dor de cabeça, revela uma análise do Estudo Global da Carga de Doenças de 2023, publicada na revista The Lancet Neurology. As mulheres são, de longe, as mais afetadas.
Os investigadores descobriram que as dores de cabeça representam a sexta principal causa de incapacidade a nível global, com a sua prevalência praticamente inalterada nas últimas três décadas. Embora menos comum que a cefaleia tensional, a enxaqueca é responsável por cerca de 90% dos anos vividos com incapacidade relacionados com dores de cabeça.
O estudo analisou dados de 41.653 pessoas em 18 países, calculando o tempo que cada indivíduo passa em estado sintomático. Entre os resultados mais marcantes está a grande disparidade entre géneros: as mulheres apresentam mais dores de cabeça e por períodos mais longos do que os homens.
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Por exemplo, mulheres com mais de 50 anos com enxaqueca passam, em média, 12,8% do ano com dor, enquanto os homens da mesma faixa etária registam 8,7%. Globalmente, em 2023, as cefaleias provocaram 739,9 anos vividos com incapacidade por cada 100.000 mulheres, contra 346,1 nos homens.
Embora o estudo não explique completamente a disparidade, sabe-se que flutuações hormonais, fatores genéticos e socioculturais podem aumentar a vulnerabilidade das mulheres às enxaquecas.
O relatório alerta também para o uso excessivo de analgésicos, responsável por mais de 20% da incapacidade relacionada com cefaleias. Entre pessoas com cefaleia tensional, o uso exagerado de medicamentos contribui para mais da metade da incapacidade total.
Os investigadores defendem que grande parte do problema global é evitável. A integração de tratamentos de cefaleia na atenção primária, especialmente em países de baixa e média renda, poderia melhorar a qualidade de vida de centenas de milhões de pessoas, reduzir perdas de produtividade e evitar efeitos negativos do uso excessivo de medicamentos.
O estudo destaca que, apesar dos avanços médicos, incluindo novos fármacos para enxaqueca, as taxas globais de dores de cabeça não mudaram significativamente desde 1990. As regiões mais afetadas incluem o Norte de África, Oriente Médio e países de alta renda, como os da Europa e América do Norte.
A mensagem é clara: medicação inteligente e educação sobre o seu uso são mais eficazes do que simplesmente consumir mais fármacos.
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