Saúde

De vez em quando ouve um zumbido? É por causa disto

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 29 minutos atrás em 20-11-2025

Quem nunca sofreu com o zumbido constante nos ouvidos — também chamado de tinnitus — só pode imaginar o tormento que representa. Este som subjetivo, que pode manifestar-se como chiado, zumbido ou estalo, não é ouvido por mais ninguém e pode estar presente de forma contínua ou intermitente.

Agora, neurocientistas da Universidade de Oxford levantam a hipótese de que o sono e o zumbido no ouvido estão intimamente interligados no cérebro.

Segundo o investigador Linus Milinski, do Instituto de Neurociência do Sono e dos Ritmos Circadianos de Oxford, citado pelo ScienceAlert, “o zumbido é uma condição debilitante, enquanto o sono é um estado natural. Ambos parecem depender da actividade cerebral espontânea. Explorar estas semelhanças pode abrir caminhos para compreender melhor e, eventualmente, tratar estas percepções fantasma”.

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Uma percepção fantasma ocorre quando o cérebro nos engana, fazendo-nos sentir, ouvir ou ver algo que não está fisicamente presente. Para cerca de 15% da população mundial, este fenómeno manifesta-se diariamente como zumbido constante nos ouvidos, sendo a percepção fantasma mais comum no mundo.

Embora já se soubesse que pessoas com zumbido frequentemente têm padrões de sono irregulares, apenas recentemente se começou a investigar a relação funcional entre o sono e o tinnitus.

Em 2024, a equipa de Oxford recorreu a furões, animais com sistema auditivo semelhante ao dos humanos. Os investigadores observaram que os furões que desenvolveram zumbido mais intenso apresentaram também distúrbios do sono. Quando conseguiam entrar em sono profundo (não-REM), a hiperatividade cerebral responsável pelo zumbido diminuía.

“Isto sugere que o sono profundo pode mascarar temporariamente o zumbido, activando os mesmos circuitos cerebrais”, explicou Milinski.

Estudos recentes, incluindo uma investigação na China, mostram que durante o sono profundo a hiperatividade associada ao zumbido é suprimida, tornando o sono um alvo terapêutico crucial para interromper o ciclo disfuncional do tinnitus.

Milinski alerta que existe um círculo vicioso: “O zumbido pode piorar o sono e a má qualidade do sono pode intensificar o zumbido. O stress, que aumenta quando não dormimos bem, é também um dos principais factores que agravam o tinnitus.”

Os investigadores esperam que estas descobertas não só levem a novos tratamentos eficazes para o zumbido, mas também contribuam para uma melhor compreensão dos mecanismos do sono.

A revisão de 2022, liderada por Milinski, foi publicada na revista Brain Communications e é considerada a primeira a analisar, a nível funcional, a interação entre sono e zumbido.

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