Educação

Carne? Novo cogumelo choca pela semelhança no sabor

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 horas atrás em 20-11-2025

Cientistas da Universidade de Jiangnan, na China, utilizaram uma tecnologia de edição genética para aumentar a eficiência da produção de um cogumelo, conseguindo reduzir o seu impacto ambiental até 61%, sem adicionar ADN estranho.

O cogumelo geneticamente modificado tem sabor a carne e é mais fácil de digerir do que o seu homólogo natural, conforme o trabalho publicado na revista “Trends in Biotechnology”, da editora Cell Press, e noticiado na quarta-feira pela agência Europa Press.

“Há uma crescente procura por fontes de proteína melhores e mais sustentáveis para a alimentação”, destacou Xiao Liu, autor principal do estudo e investigador da Universidade de Jiangnan.

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“Conseguimos tornar um cogumelo não só mais nutritivo, mas também mais ecológico, modificando os seus genes”, acrescentou.

A pecuária é responsável por aproximadamente 14% das emissões globais de gases com efeito de estufa.

Além disso, a pecuária ocupa terras e requer abundantes de água doce, um recurso já ameaçado pelas alterações climáticas e pela atividade humana.

As proteínas microbianas, incluindo as que se encontram nas leveduras e nos fungos, consolidaram-se como uma alternativa mais sustentável à carne.

De entre as opções exploradas até ao momento para a obtenção de micoproteínas, ou fungos ricos em proteína, o fungo Fusarium venenatum destaca-se pela sua textura e sabor naturais, muito semelhantes aos da carne.

A sua utilização como alimento está aprovada em diversos países, como o Reino Unido, a China e os Estados Unidos.

No entanto, o Fusarium venenatum possui paredes celulares espessas que dificultam a digestão dos seus nutrientes pelos humanos.

Além disso, o seu cultivo requer recursos significativos e mesmo a produção de pequenas quantidades de micoproteína exige um grande aporte destes recursos.

Os esporos são cultivados em enormes tanques metálicos cheios de um substrato composto por açúcar e nutrientes como o sulfato de amónio.

Liu e a sua equipa propuseram-se a explorar o potencial de aumentar a digestibilidade e a eficiência de produção do Fusarium venenatum utilizando a tecnologia CRISPR, sem introduzir ADN exógeno nos genes do fungo.

Para atingir este objetivo, eliminaram dois genes associados às enzimas quitina sintase e piruvato descarboxilase.

A deleção da quitina sintase reduziu a espessura da parede celular do fungo, disponibilizando mais proteína intracelular para a digestão, enquanto a deleção do gene da piruvato descarboxilase ajudou a otimizar o metabolismo do fungo, exigindo menos nutrientes para a produção de proteína.

As análises mostraram que a nova estirpe fúngica, denominada FCPD, necessitou de menos 44% de açúcar para produzir a mesma quantidade de proteína em comparação com a estirpe original, e fê-lo 88% mais rápido.

Os investigadores calcularam então a pegada ambiental do FCPD, desde os esporos em laboratório até aos produtos cárneos inativados, à escala industrial.

 Simularam a produção de FCPD em seis países com diferentes estruturas energéticas — incluindo a Finlândia, que utiliza principalmente energia renovável, e a China, que depende mais do carvão — e descobriram que o FCPD teve um impacto ambiental menor do que a produção tradicional de Fusarium venenatum, independentemente da localização.

No geral, a produção de FCPD gerou até menos 60% de emissões de gases com efeito de estufa ao longo de todo o seu ciclo de vida.

A equipa também investigou o impacto da produção de FCPD em comparação com os recursos necessários para a produção de proteína animal.

Em comparação com a produção de frango na China, descobriram que a mioproteína FCPD requer menos 70% de terra e reduz o risco de contaminação da água doce em 78%.

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