A Bienal Anozero tem aberta uma convocatória pública para o Programa Convergente da edição de 2026, lançando um convite a artistas e coletivos locais. As propostas selecionadas integrarão a programação paralela da Bienal, que decorrerá entre 11 de abril e 5 de julho de 2026. No total, serão escolhidos 10 projetos artísticos, que receberão apoio financeiro para integrar este programa.
Nesta edição, a Open Call dirige-se especialmente a propostas que explorem os sentidos — a escuta, o toque, o olfato, o paladar e a visão — de forma pouco convencional, e que convoquem a participação do público como parte integrante da obra. Pretende-se estimular abordagens que utilizem o corpo enquanto instrumento relacional e sensorial, que recorram a formatos híbridos, site-specific ou experimentais, e que promovam a diversidade de linguagens, formatos e experiências artísticas em espaço público.
A Bienal incentiva iniciativas simples na produção mas fortes no impacto urbano, privilegiando intervenções que aconteçam em locais de encontro e circulação da cidade, como largos, praças, a Alta, a Baixa ou a Rua da Sofia. Cada artista ou coletivo poderá apresentar apenas uma ação, sendo a produção e aquisição de materiais da sua responsabilidade através do referido apoio financeiro.
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O Programa Convergente afirma-se como uma das linhas de força da Bienal. Para Carlos Antunes, diretor do Anozero, o nome não é casual: «Chamamos-lhe Programa Convergente porque acreditamos na ideia de confluência. Paralelo é aquilo que nunca se encontra; convergente implica encontro, um objetivo comum a partir da programação cultural.»
A intenção é ativar a cidade através de atividades independentes, mas em diálogo com a Bienal. Antunes recorda que esta iniciativa nasceu da própria vontade da cidade: «Depois da primeira edição percebemos que artistas e estruturas queriam aderir. Era como se a cidade exigisse esse espaço de participação.»
Inicialmente concebido apenas como um programa de chancela, evoluiu para incluir um apoio financeiro simbólico, refletindo uma política de devolução de recursos à comunidade artística. O balanço, afirma, tem sido «muitíssimo positivo», traduzindo um compromisso duradouro entre a Bienal e o tecido cultural local.
As candidaturas estão abertas até 15 de janeiro de 2026 e devem ser submetidas através do formulário disponível aqui. As propostas escolhidas integrarão o Guia de Programação do Anozero’26.
A edição de 2026 da Bienal desenvolve-se sob o tema Segurar, dar, receber, inspirado na raiz proto-indo-europeia “ghab”, origem da palavra habitat. A curadoria de Hans Ibelings e John Zeppetelli, com Daniel Madeira como curador assistente, propõe uma reflexão sobre modos de construir um habitat simbiótico, horizontal e cooperativo, onde arte, arquitetura e experiência pública se entrelacem em práticas de cuidado, interdependência e partilha. A partir das ideias de apoio mútuo de Peter Kropotkin, a Bienal questiona hierarquias e expande o campo da prática criativa, integrando o design, o artesanato, o paisagismo, o folclore, a jardinagem e outras formas de intervenção sensível no espaço comum.
A Bienal Anozero é uma iniciativa da Câmara Municipal de Coimbra, da Universidade de Coimbra e do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, afirmando-se como um dos mais relevantes eventos internacionais de arte contemporânea realizados em Portugal.
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