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Aldeia “fantasma” da Serra da Lousã: O último habitante conta a sua história
Imagem: Blog Bate o vento sopra a chuva
A Serra da Lousã guarda lembranças de aldeias que já foram prósperas, mas hoje vivem apenas na memória.
Aires Joaquim, o último homem a sair da aldeia do Franco, recorda com emoção os tempos em que a região era viva e cheia de movimento.
“Era uma aldeia que chegou a ter 18 casas habitadas. Mas são três aldeias: Franco de Cima, Franco do Meio e Franco de Baixo. Tudo em ruína, já se sabe”, conta. num vídeo produzido por Juliana Santos, Sofia Almeida da CLDS 4G – Lousã Activa e com a realização de Tiago Pereira e som de Cristina Enes Garcia.
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Segundo Aires, a agricultura dominava a vida local. “Era toda manual. Lá havia parte da agricultura que era feita com bois: lavravam-se as terras, transportava-se estrume, ia-se ao mato… todas as outras aldeias eram tudo ao poder do corpo humano.” A aldeia tinha água suficiente e produzia alimentos valiosos na época, como bomilho, mel, castanhas e azeite. “Era uma aldeia que se vivia lá, com muito trabalho, mas com umas casinhas cheias quando era o fim do verão. Coisa que noutras aldeias da Serra da Lousã não havia.”
O declínio começou nas décadas de 1940 e 1950, quando grande parte dos habitantes emigrou para Lisboa ou para o Brasil. “Eu já lá estive e vi que não viviam lá melhor do que se aqui vivia, mas também houve uma altura que a vida melhorou muito, com o 25 de Abril melhorou mais”, recorda.

A criação de cabras era outra atividade importante: “Tinha-se um rebanho grande de cabras e muita largueza para as tratar.” Hoje, as terras da aldeia estão em ruínas e algumas propriedades foram invadidas ou depredadas.
Aires Joaquim é hoje o único habitante natural da aldeia ainda vivo. “Do resto, já morreu tudo. Sou eu o único, nascido e criado lá. Vim para aqui há 48 anos, comprei esta casita, que na altura era bastante velha, e ainda hoje é. Fiz algumas renovações necessárias e aqui tenho vivido, e espero viver até ao fim da vida.”
A história de Aires Joaquim é um retrato de uma memória viva da Serra da Lousã, lembrando que por trás de cada ruína há vidas, histórias e um tempo que não volta mais.
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