Saúde

Álcool dos pais deixa marcas no corpo dos filhos (mesmo antes de nascerem)

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 minutos atrás em 18-11-2025

Estudos recentes indicam que o consumo crónico de álcool pelos pais pode ter efeitos duradouros na saúde dos filhos, aumentando a susceptibilidade a doenças e acelerando o envelhecimento.

Investigadores que estudam os determinantes sociais da saúde reconhecem há muito que o abuso de álcool por parte do pai pode afetar o desenvolvimento social e a saúde mental da prole. Contudo, a questão de saber se o consumo de álcool pelos progenitores antes da concepção influencia a saúde física dos filhos ainda não estava clara.

Um estudo realizado em camundongos, liderado por um fisiologista do desenvolvimento, demonstrou que o consumo de álcool tanto pela mãe como pelo pai causa alterações prejudiciais nas mitocôndrias dos descendentes — as chamadas “baterias” das células, responsáveis pelo metabolismo e pelo envelhecimento celular. Estas alterações surgem durante o desenvolvimento fetal e persistem na vida adulta, acelerando o envelhecimento e aumentando o risco de doenças crónicas.

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Segundo os investigadores, a exposição paterna ao álcool duplicou a incidência de doenças hepáticas relacionadas com a idade. Quando ambos os pais consumiam álcool, os efeitos eram ainda mais severos, com um aumento de três vezes nas cicatrizes hepáticas.

Nos Estados Unidos, cerca de 11% dos adultos têm transtorno por uso de álcool, uma condição associada a doenças hepáticas, problemas cardíacos, declínio cognitivo e envelhecimento precoce. Crianças expostas ao álcool no útero podem desenvolver transtornos do espectro alcoólico fetal, que afetam até 1 em cada 20 crianças em idade escolar, e apresentam início precoce de doenças da idade adulta, incluindo diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. Estas crianças têm ainda maior probabilidade de hospitalizações e uma expectativa de vida 40% inferior à média, pode ler-se no The Conservation.

Os investigadores alertam que ainda não se sabe se o consumo moderado de álcool pelos pais provoca os mesmos efeitos, nem se pessoas cujos progenitores bebiam excessivamente, mas que não desenvolveram transtornos do espectro alcoólico fetal, também estão em risco. Estudos futuros poderão explorar se intervenções focadas na saúde mitocondrial, como exercícios físicos e dietas específicas, podem melhorar os resultados de saúde nestes casos.

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