Garantir o ensino de disciplinas elementares às crianças é um dever inalienável do Estado. Porém, cresce a perceção de que as expectativas sociais em relação à escola se afastam do seu propósito central: ser um espaço seguro para crianças e adolescentes.
Os episódios de violência — isolados ou não — que surgem nas escolas revelam um ciclo de omissões difícil de mapear. A tendência continua a ser falar destes casos apenas quando chegam às notícias, reacendendo a dúvida sobre a forma como estamos a educar os mais novos e sobre o papel que a escola desempenha na sociedade portuguesa.
A frequência de situações em que crianças agridem outras crianças chama a atenção para um problema que já não surpreende, mas que continua sem resposta eficaz. A sucessão de notícias sobrepõe-se aos casos anteriores, que rapidamente caem no esquecimento. Essa normalização de comportamentos graves impede uma reação coletiva capaz de enfrentar o problema no espaço escolar.
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Entre a comunidade estrangeira em Portugal cresce o sentimento de insegurança — um fenómeno que contraria a imagem habitual do país. O aumento da intolerância, do preconceito e da xenofobia está, em parte, associado à amplificação mediática de discursos extremistas. Figuras públicas que recorrem à demagogia manipulam a atenção pública, enquanto a reação social raramente vai além do espanto ou do conformismo.
Quando o Estado ou a escola deixam de proteger qualquer cidadão, independentemente da origem, crença ou raça, falham no seu princípio básico. As consequências tornam-se traumáticas para todos os envolvidos. Quanto à Justiça, espera-se que atue com isenção, mas quando finalmente intervém, os danos já estão profundamente instalados.
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