O ministro da Educação, Ciência e Inovação afirmou hoje que deverá ser apresentado em maio o programa que prevê que cada aluno tenha um tutor de Inteligência Artificial (IA), considerando que seria um erro não usar IA nas escolas.
De acordo com Fernando Alexandre, o grupo de trabalho que está a desenvolver a estratégia para a digitalização deverá divulgar as conclusões em maio, altura em que o Governo apresentará o programa anunciado pelo ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, e que passa por “dar a cada aluno um tutor de inteligência artificial, que ouve, orienta e inspira a aprendizagem”.
Questionado sobre como será implementado este objetivo de dar a cada aluno um tutor, o ministro explicou que a ideia é “aproveitar aquilo que hoje a inteligência artificial dá”, já que o seu “não uso é o maior erro que qualquer pessoa, hoje, pode cometer”.
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Aludindo ao sistema de ensino K-12, usado nos Estados Unidos, o ministro referiu que este conta com “um programa importantíssimo em que a IA permite identificar as falhas de aprendizagem e adequar a tutoria às falhas de aprendizagem do aluno”.
Convicto de que a IA vem “ amplificar capacidades”, Fernando Alexandre, sustentou que, se não usar essa ferramenta, o sistema de ensino ficará “para trás”.
O ministro deixou claro que o programa “não é para substituir professores, é para complementar” e que se pretende seguir noutros graus de ensino que já é praticado no ensino superior, havendo “até empresas que já estão a disponibilizar inteligência artificial para todos os alunos”.
A educação, “que deve garantir a igualdade de oportunidades, vai ter que ter o digital, a inteligência artificial”, vincou.
Fernando Alexandre falava à Lusa em Alcobaça, à margem de uma visita à Escola Secundária D. Inês de Castro, onde inaugurou o Centro Tecnológico Especializado de Informática que conta com um investimento de cerca de 800 mil euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Questionado sobre a revisão da portaria de vagas para colocação de professores, o ministro reconheceu ter havido “um erro”.
“A partir do momento em que há um erro, e que percebemos que podemos melhorar a alocação de 1.800 professores em quadros de zona pedagógica que são carenciados, sou obrigado a alterar”, disse.
“Ao contrário daquilo que era feito, em que as vagas eram distribuídas por todo o país de uma forma que não era, muitas vezes, bem estudada”, o ministro diz estar agora a ser feita a abertura de vagas “direcionada”, para alguns quadros de zona pedagógica, “com critérios, e para grupos de recrutamento”.
Segundo o governante, estão a ser abertas “1.800 vagas, quando no país há cerca de 1.000 horários por preencher”.
Apesar da abertura de vagas ser em maior número, o ministro referiu que haverá “sempre muitos horários por preencher, porque há milhares de pessoas a reformarem-se”.
O ministro, que foi criticado pela Federação Nacional da Educação (FNE) pelas falhas no apuramento das necessidades das escolas, que obrigaram à correção da portaria de vagas a meio do concurso, garantiu não ter “problema nenhum em corrigir, em admitir o erro”.
“No final o que interessa é o resultado. E o resultado será melhor se a solução for melhor”, concluiu.
O titular da educação remeteu para dezembro a apresentação de uma estratégia de combate aos problemas de leitura, que afetam a aprendizagem não apenas no Português mas de todas as disciplinas.
Um relatório, divulgado hoje pelo Instituto de Educação, Qualidade e Avaliação (EduQA), sobre o Diagnóstico de Fluência Leitora, feito aos alunos do 2.º Ano, revelou que a maioria dos alunos tem níveis de compreensão de leitura alinhados com o expectável para aquela fase da escolaridade, mas cerca de 25% estão em risco de ter dificuldades no futuro.
Fernando Alexandre indicou que apresentará em dezembro, em Santarém, “não apenas os resultados destes relatórios de avaliação, mas também as estratégias com as escolas” e as medidas do Governo para resolver as dificuldades destes alunos.
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