Política

Bloquistas da moção S não acreditam em “mudança de paradigma” com Pureza

Notícias de Coimbra com Lusa | 17 minutos atrás em 10-11-2025

Os bloquistas afetos à moção ‘S’, opositores à atual direção do BE, não acreditam numa “mudança de paradigma” com José Manuel Pureza, acusando a moção ‘A’ de querer “manter o poder a qualquer custo”.

“A atual direção tem estado a dizer que tem uma mudança de paradigma. No entanto, nós, tendo em conta a experiência passada e até o comportamento atual, não acreditamos nisso”, acusou Nuno Pinheiro, um dos proponentes da moção ‘S’, em declarações à Lusa.

O BE organiza a sua 14.ª Convenção Nacional no final deste mês, em Lisboa, e além da moção ‘A’, agora encabeçada por José Manuel Pureza após o anúncio de não recandidatura de Mariana Mortágua, e que reúne o maior número de apoiantes, vão a debate mais quatro moções.

PUBLICIDADE

Entre elas está a moção ‘S’, que inclui elementos que integraram a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional na última convenção do partido, em 2023, como o dirigente Adelino Fortunato ou os antigos deputados à Assembleia da República Heitor Sousa e Alexandra Vieira.

Nuno Pinheiro, que também integra a lista de proponentes, disse à Lusa não acreditar que José Manuel Pureza protagonize uma “mudança de paradigma”, “mesmo que ele tenha essa vontade”.

Considerando-o uma “pessoa muito válida”, Nuno Pinheiro explicou que não estão em causa as características de Pureza mas a forma de funcionamento do partido, afirmando que existem “forças da atual direção muito estáticas e conservadoras” que têm interesse em “conservar as coisas de maneira a funcionar como estão”.

Num comunicado enviado às redações, a moção ‘S’ considera que a “responsabilidade que Mariana Mortágua assumiu é atribuível a toda uma direção, que tenta agora manter o poder a qualquer custo, sem reconhecimento do grau de responsabilidades de cada um no coletivo”.

Estes bloquistas contestam que os apoiantes da moção ‘A’, após uma reunião que decorreu em Coimbra, tenham escolhido “alimentar o debate sobre a pessoa e o seu perfil”, quando o cargo de coordenador não existe formalmente nos estatutos do BE.

“Esta manobra foge à reflexão sobre o que verdadeiramente importa: o fracasso da atual direção e a necessária e urgente renovação da linha política do Bloco de Esquerda”, lê-se no comunicado, que acusa a moção ‘A’ de ter atuado como “uma elite autonomeada e burocratizada”.

Os bloquistas da moção ‘S’ propõem um modelo rotativo na coordenação do partido e até na Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções.

Nuno Pinheiro criticou ainda que, após a reunião da moção ‘A’ em Coimbra, tenha sido anunciado que Fabian Figueiredo e Andreia Galvão, números dois e três na lista pelo círculo de Lisboa nas últimas legislativas, iriam assumir o lugar de Mariana Mortágua no parlamento de forma rotativa.

O bloquista salientou que está em causa a representação parlamentar do BE, atualmente reduzida a uma deputada, e que tal decisão foi tomada por apenas uma das tendências do partido, salientando que, na semana anterior, tinha decorrido uma reunião da Mesa Nacional.

Sobre a convenção nacional, Nuno Pinheiro adiantou que a moção ‘S’ já fez alguns contactos com as restantes moções opositoras no sentido de unir esforços na reunião magna, eventualmente apresentando listas conjuntas aos órgãos nacionais, mas que ainda nada está fechado.

Além da moção ‘A’ e ‘S’ candidataram-se as moções ‘B’, intitulada “Reconstruir para um novo ciclo político”, a ‘C’, “Mais Bloco, menos tendências” e a ‘H’, que considera que está na “Hora de Recomeçar”, com todas a apontar falta de democracia interna e a pedir mais atenção às bases.

No passado dia 25 de outubro, Mariana Mortágua anunciou que não iria recandidatar-se à coordenação do BE, cargo que ocupa desde maio de 2023, considerando que a direção por si encabeçada foi incapaz de “gerar um novo impulso político e eleitoral”.

O BE enfrenta um dos momentos mais difíceis da sua história, depois de em maio deste ano ter obtido o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas, passando de cinco para uma deputada única, e ter perdido representação autárquica, passando de cinco vereadores e 94 deputados municipais para uma vereadora em Lisboa e um total de 17 deputados em câmaras e freguesias. 

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE