Saúde

Remédio para acne pode reduzir o risco de esquizofrenia

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 10-11-2025

Um antibiótico amplamente utilizado no tratamento da acne pode ajudar a reduzir o risco de esquizofrenia em adolescentes, segundo um novo estudo publicado esta quarta-feira na American Journal of Psychiatry.

A descoberta sugere que a doxiciclina, um medicamento acessível e de uso corrente, pode ter um papel importante na prevenção de doenças mentais graves.

Os investigadores analisaram dados de saúde de mais de 56 mil adolescentes que receberam antibióticos enquanto frequentavam serviços de saúde mental na Finlândia. O estudo, conduzido por uma equipa da Universidade de Edimburgo, em colaboração com especialistas da Universidade de Oulu e do University College Dublin, revelou que os jovens tratados com doxiciclina apresentaram um risco 30 a 35% menor de desenvolver esquizofrenia em comparação com aqueles que tomaram outros antibióticos.

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A doxiciclina pertence à classe das tetraciclinas e é prescrita para tratar infeções respiratórias, cutâneas e doenças sexualmente transmissíveis, além da acne. Estudos anteriores sugerem que o fármaco reduz a inflamação nas células cerebrais e modula a poda sináptica, um processo em que o cérebro elimina conexões neuronais desnecessárias durante o desenvolvimento. Uma poda sináptica excessiva tem sido associada ao surgimento da esquizofrenia.

Os autores confirmaram que o efeito protetor não estava relacionado apenas ao tratamento da acne, e que outros fatores não explicavam a diferença entre os grupos analisados.

A esquizofrenia é uma doença mental grave, geralmente diagnosticada no início da idade adulta, caracterizada por alucinações, delírios e pensamento desorganizado. Até hoje, não existem intervenções comprovadas capazes de prevenir o seu aparecimento em jovens de risco.

“Cerca de metade das pessoas com esquizofrenia cujos dados analisámos tinham frequentado previamente serviços de saúde mental para crianças e adolescentes devido a outros problemas mentais”, explicou Ian Kelleher, professor de Psiquiatria da Infância e da Adolescência na Universidade de Edimburgo e autor principal do estudo.

“Isso torna estas descobertas especialmente entusiasmantes, já que atualmente não temos estratégias conhecidas para reduzir esse risco”, acrescentou o investigador, citado pelo Science Daily.

Apesar dos resultados promissores, Kelleher alerta que o estudo foi observacional, e não um ensaio clínico controlado, o que impede conclusões definitivas sobre causalidade. “Este é um sinal importante para investigar mais profundamente o efeito protetor da doxiciclina e de outros tratamentos anti-inflamatórios em jovens com problemas de saúde mental”, afirmou o investigador.

A pesquisa reforça um interesse crescente na reutilização de medicamentos existentes — um caminho potencialmente rápido e acessível para novas estratégias de prevenção em psiquiatria.

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