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“Encerramento das urgências dos Covões é a morte do serviço”

Notícias de Coimbra | 5 minutos atrás em 01-11-2025

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou hoje que a passagem do serviço de urgências do Hospital Geral, vulgo Hospital dos Covões, para centro de atendimento clínico é “a morte anunciada” do serviço.

“Há muito que as sucessivas comissões liquidatárias, vulgo governos, ministérios da saúde e respetivas administrações, tinham traçado o fim da Urgência do Hospital Geral do Covões. Hoje, foi o passo/decisão final de uma morte há muito anunciada”, realça.

A administração da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, presidida por Alexandre Lourenço, decidiu que o Serviço de Urgência do Hospital Geral, comummente chamado de Hospital dos Covões, passaria a partir de hoje a ser um centro de atendimento clínico.

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Com esta mudança, o Hospital Geral passa a assegurar situações agudas não emergentes e só recebe utentes encaminhados pela Linha SNS24 ou por outras unidades hospitalares, indicou a ULS de Coimbra em comunicado.

Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa, o SEP indica que, nos “últimos meses, a administração da ULS Coimbra, foi descaracterizando o acesso dos utentes àquela urgência, até que deixou de haver referenciação do INEM para ocorrer a situações de urgência”.

A título de exemplo, o sindicato refere que na quinta-feira, “incompreensivelmente, os enfermeiros da urgência do Hospital dos Covões receberam um email da ULS Coimbra” q informar que “por decisão do CA, a partir de dia 31 de Outubro o SU deixará de ter doentes a partir das 20:00”.

“Neste sentido iremos alterar as escalas de trabalho e solicitar que a segurança encerre as portas às 20:30 e proceda à sua abertura às 07:30”, anuncia.

De acordo com a decisão do diretor do Serviço, refere o sindicato, “as inscrições dos doentes serão apenas até às 18:00 para permitir que até às 20:00 os doentes estejam observados e com orientação clínica”.

Um dia depois, refere o sindicato, e “dando o dito por não dito, dois responsáveis da direção de enfermagem, deslocaram-se ao serviço e informaram os trabalhadores presentes que a partir de 31 de outubro de 2025, a urgência encerrava definitivamente”.

“Há muito que afirmamos que à boleia das proclamadas sinergias da fusão dos hospitais de Coimbra, da dita reestruturação da rede de referenciação de diversas especialidades médicas, da economia de escala e o que mais lhes interessou e interessa, para o ataque e descaracterização do SNS [Serviço Nacional de Saúde], o Hospital Geral dos Covões, é o alvo a abater. Só podia”, destaca.

Isto, porque no entender do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, “ao lado esquerdo da margem do Mondego, onde o capelo e a borla carunchosa da universidade não gostam de ir nem nunca foram” e “onde também reside povo laborioso”.

“A golpada de veludo da fusão, que mais não foi do que anexação com vista à destruição duma instituição. Simultânea e paulatinamente, constrói-se um caminho que leva à sangria de recursos humanos”, considera.

Para a direção do sindicato, esta decisão “tem como consequência o necessário caminho de confluência política dos setores mais interessados no negócio da doença”.

“Não sejamos ingénuos. O caminho e o plano para o Hospital Geral dos Covões (HGC), foram e estavam traçados. O Plano para o HGC era e continua a ser o não plano”, escreve.

Neste sentido, o sindicato avisa que “estará na primeira linha em defesa de um SNS universal, geral e gratuito”, pelas “legítimas aspirações dos utentes e profissionais” e numa “clara rutura com a política de destruição mansinha e de veludo do SNS”.

E “exige uma efetiva e verdadeira reorganização hospitalar para fortalecer a resposta pública e não permitir fragilidades que deem azo ao florescimento do setor privado, como continua a acontecer em Coimbra”.

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