Coimbra
Como a Metro Mondego aplica lógica ferroviária em autocarros elétricos
 
 
									  Imagem: Paulo Novais/ LUSA
No posto central de comando da Metro Mondego, em Sobral de Ceira, Coimbra, a gestão da operação e segurança do sistema foi buscar soluções a sistemas ferroviários, já que o ‘metrobus’ “é mais do que um autocarro”.
No posto, situado no Parque de Material e Oficinas do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), chama a atenção um grande painel, com dois diagramas (um para o troço urbano e outro para o suburbano), no qual é possível ver as diferentes paragens e as interceções do canal que mudam de vermelho para verde à passagem de autocarros, que assumem diferentes cores caso estejam a circular a horas ou atrasados – tudo representado em tempo real.
Naquela sala, faz-se a gestão da operação preliminar no troço urbano entre Vale das Flores e Portagem, que começou em setembro.
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Ao mesmo tempo, elementos da Metro Mondego e da Efacec, empresa que assegura os sistemas técnicos e de apoio à exploração do SMM, fazem testes e ensaios no troço suburbano entre o Alto de São João e Serpins (Lousã), que deverá arrancar a sua operação até ao final do ano e cujo diagrama tem uma configuração diferente do canal urbano.
“Isto tem um aspeto gráfico muito ferroviário”, notou o diretor técnico da Metro Mondego, Pedro Sendas.
Além do grande painel onde há também imagens de videovigilância das estações do SMM e dos próprios autocarros elétricos que circulam em via dedicada, há quatro mesas com vários monitores, nos quais elementos da Metro Mondego acompanham toda a operação.
No painel do posto central de comando é notória a diferença entre o sistema urbano, com duas vias, e o sistema suburbano, com uma via única, com vários pontos de cruzamento e obras de arte (pontes e túneis), obrigando a cancelas e a passagens de nível em vários pontos do trajeto, representadas de forma distinta no diagrama.
“A questão da segurança foi sempre muito importante e nós baseámo-nos muito no sistema ferroviário para desenvolver uma solução”, disse Pedro Sendas.
Segundo José Mário Fonseca, da Efacec, houve uma preocupação muito grande com a segurança no troço suburbano, num sistema que deteta se determinada secção da via está ocupada ou não, num sistema de sinalização “igual àquele que se instalaria num metro ligeiro”.
Caso haja indicação de que um determinado troço está ocupado por algum veículo que não um autocarro, o sistema “obriga a que o autocarro passe a uma velocidade mais reduzida para ter a certeza” de que aquela secção está desimpedida, disse, referindo que, no caso suburbano, “é um sistema ferroviário em que a única diferença é haver a deteção de um autocarro em vez de um comboio”.
“De resto, toda a lógica de funcionamento é a mesma de um sistema ferroviário”, afirmou José Mário Fonseca.
Quando todo o sistema estiver a funcionar, o posto de comando deverá assegurar um serviço de 24 horas, com um posto para acompanhar a zona suburbana, outro para a zona urbana e um posto de supervisão, afirmou o diretor de operações da Metro Mondego, Nuno Fonseca.
Para o diretor de operações, há desafios novos todos os dias – sobretudo com a operação suburbana – e “é tudo um bocadinho mais complexo do que parece”.
“São muitos sistemas auxiliares e que diferenciam isto de um modo de operação rodoviária normal”, acrescentou Pedro Sendas.
Pedro Carvalho, responsável da Efacec pela formação e colocação de sistemas, aponta para as várias possibilidades dentro do posto de comando: o operador pode cortar a aceleração num veículo a partir de um clique do rato face a algum evento extraordinário, monitorizar todos os alarmes gerados por todos os equipamentos do canal ou identificar alguma falha num equipamento.
O operador pode ainda acompanhar as viaturas em tempo real num mapa geográfico ou analisar os diagramas de viagens (com tabela horária carregada) em que vê o tempo teórico e o real.
“Está impecável”, disse Pedro Carvalho, quando olha para um desses diagramas em que os tempos reais batem com os tempos previstos.
O operador, se tiver a necessidade de adicionar viagens, removê-las ou alterá-las, pode fazê-lo a partir do seu posto.
“Dá para gerir no momento e as alterações são instantâneas”, afirmou Pedro Carvalho.
Nos vários monitores, onde se veem diferentes gráficos e diagramas, está também representado um trabalho de integração de todos os sistemas técnicos da Efacec, mas também de outros fornecedores das empreitadas.
“Conseguimos gerir tudo e integrar todos os sistemas, incluindo tecnologia de terceiros”, aclarou Alexandra Quaresma, também da Efacec, que considerou que se está perante um sistema “que é muito mais do que um autocarro”.
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