Portugal

Assassinato ou acidente? O mistério do operário encontrado morto em mina

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 30-10-2025

Há quase 40 anos que trabalhadores exploram as profundezas da planície alentejana na mina de Neves Corvo, em Castro Verde. Com 200 km de túneis, trata-se da maior mina de zinco da Europa e uma das maiores de cobre, sendo também a maior empregadora da região.

No dia 30 de setembro de 2022, João Paulino, manobrador de máquinas e chefe de equipa de uma empresa subcontratada, entrou para o turno pouco antes das 8:00. Mas, ao final do dia, algo grave aconteceu: quando a equipa deixou a mina antes das 19:00, João não estava com os colegas.

Três horas depois, outro trabalhador encontrou a empilhadora virada e João inanimado ao lado. O alerta foi dado aos bombeiros, mas, ao chegar ao centro de saúde local, o operário já tinha sido declarado morto pelo médico às 0:13.

PUBLICIDADE

O relatório de autópsia apontou lesões traumáticas no tórax e abdómen compatíveis com um atropelamento, além de presença de substância ativa da canábis no organismo. Pouco tempo depois, familiares relataram ameaças que João teria sofrido dentro da mina, levantando suspeitas sobre a natureza da morte.

Um detalhe crucial na investigação foi o cartão de presença de João. O cartão, que indica quem ainda se encontra na mina e impede o início das explosões, não foi retirado pelo próprio. Imagens de videovigilância mostraram que três colegas mexeram no painel após o turno, e o cartão de João desapareceu.

Charles Miranda, um dos operários, confessou posteriormente à GNR que retirou o cartão por orientação do supervisor António Messias, alegando que pensava que João já havia saído e queria evitar multas por atrasos nas explosões, pode ler-se na SIC.

Em abril de 2024, mais de um ano e meio após o acidente, a Polícia Judiciária constituiu arguidos os dois envolvidos na retirada do cartão. António Messias prestou depoimento, mas Charles Miranda não foi localizado, tendo retornado ao Brasil em janeiro de 2024.

O caso continua envolto em muitas dúvidas, e a família de João Paulino ainda busca respostas sobre a morte do trabalhador.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE