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Morte no Mondego: Família une-se para envenenar e afogar Marco na Figueira da Foz

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 9 horas atrás em 30-10-2025

No dia 5 de agosto de 2021, um cadáver foi encontrado nas águas do rio Mondego, perto da Figueira da Foz.

Rapidamente identificou-se a vítima como sendo Marco Alves Santos, que teria sido envenenado e atirado ao rio. As primeiras investigações apontaram para suspeitos a residir no Luxemburgo: a companheira de Marco, Rosa Dias, a mãe dela, Maria Clara, o companheiro desta (que mantinha um relacionamento com Rosa) e o filho mais velho de Rosa. O crime foi cometido em Portugal, mas o julgamento decorre no Luxemburgo, onde o homicídio foi planeado, revela o Contacto.

O caso ocorreu em agosto, mês tradicionalmente marcado por férias e reencontros para famílias emigradas. Para muitos, este período funciona como um “oásis” na rotina difícil da emigração, onde as preocupações e problemas do dia a dia são temporariamente aliviados. Marco e Rosa, embora não casados, viviam juntos como um casal, e enfrentavam as dificuldades típicas de quem está fora do país de origem.

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Rosa emigrou da Figueira da Foz, levando consigo um filho pequeno, Marco António. Inicialmente, Rosa e o filho viveram com a mãe em Esch-sur-Alzette, no Luxemburgo. Marco, natural do Luxemburgo, e a irmã Fátima tinham passado por dificuldades após um acidente do pai e períodos de retorno a Chaves, antes de se fixarem novamente no Grão-Ducado. Marco trabalhava numa empresa e fazia biscates na manutenção de antenas parabólicas.

Rosa e Marco conheceram-se em Bettembourg de forma fortuita. Rosa estava grávida da sua filha mais nova, cuja paternidade nunca foi esclarecida. A gravidez não impediu a aproximação do casal, que começou a viver junto, primeiro em Bettembourg e depois em Bascharage, numa habitação social. Marco António, filho mais velho de Rosa, não vivia com a mãe e ficou com a avó.

Apesar das dificuldades, Marco e Rosa viviam juntos como um casal funcional. Marco cuidava da filha mais nova de Rosa como se fosse sua, chegando a adotá-la formalmente. Marco António, com défice cognitivo, manteve contato distante com a mãe, a irmã e o padrasto.

Em 2019, João, companheiro da mãe de Rosa e amante de Rosa, entrou na vida familiar, alterando drasticamente a dinâmica do casal. Rosa submeteu-se a uma cirurgia de emagrecimento, e a aproximação entre ela e João intensificou os conflitos com Marco. A relação entre Rosa e Marco tornou-se tempestuosa, marcada por traições mútuas e manipulações familiares.

As tensões culminaram num plano de homicídio contra Marco, executado em Portugal a 5 de agosto de 2021. A vítima tornou-se alvo de uma conspiração familiar envolvendo Rosa, a própria mãe, João e Marco António. No dia seguinte, o corpo de Marco foi encontrado a boiar no rio Mondego. A investigação confirmou que ele foi envenenado com pesticidas e soporíferos, e a causa da morte foi afogamento.

Em março de 2022, Rosa confessou o homicídio e afirmou que não agiu sozinha, atribuindo a ideia inicial do envenenamento à mãe, Maria Clara. O plano de assassinato foi corroborado por mensagens trocadas entre mãe e filha, incluindo tentativas anteriores de homicídio, como a administração de laxantes no vinho de Marco.

Em Portugal, Rosa adquiriu pesticidas sob pretexto agrícola, e no dia 4 de agosto de 2021, Marco recebeu um copo de licor adulterado com pesticidas e comprimidos para dormir, oferecido por João. Posteriormente, foi transportado até a margem do rio Mondego, onde foi afogado por Rosa e Maria Clara.

Rosa tentou encobrir o homicídio ao falsificar uma carta e mensagens de Marco, a simular que ele tinha partido à procura de uma antiga relação em Portugal. Mesmo com a descoberta do cadáver, familiares e conhecidos foram inicialmente enganados sobre a morte.

O crime tinha como motivação a expectativa de Rosa de receber o seguro de vida de Marco, estimado em meio milhão de euros, que se revelou inexistente. Após a morte, Rosa retirou cerca de sete mil euros dos cartões da vítima.

Rosa, Maria Clara e João encontram-se em prisão preventiva no Luxemburgo desde março de 2022. Marco António aguarda julgamento em liberdade, sob supervisão judicial. A filha mais nova de Rosa, atualmente com 10 anos, ficou sob a guarda de uma amiga da família e foi informada sobre o crime por uma psiquiatra, devido à gravidade da situação.

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