Mundo

ONU desafia Israel e Hamas a respeitarem cessar-fogo

Notícias de Coimbra com Lusa | 14 horas atrás em 28-10-2025

A ONU instou terça-feira Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas a respeitarem o cessar-fogo, após o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenar a retomada “imediata” dos ataques à Faixa de Gaza, alegando violações do acordo pelo grupo palestiniano.

“É importante que todas as partes envolvidas no cessar-fogo o respeitem, e não queremos que voltem a bombardear civis. Não queremos que as nossas operações voltem a ser prejudicadas”, declarou numa conferência de imprensa Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, classificando como “extremamente preocupantes” as informações recebidas.

Sublinhou que a ONU quer que o cessar-fogo se mantenha, para continuar a distribuir ajuda humanitária de emergência à população do enclave palestiniano devastado por dois anos de guerra.

PUBLICIDADE

“Assim, o plano [de paz do Presidente norte-americano, Donald Trump] também poderá passar à sua segunda fase, a uma fase mais política, para tentar colocar este processo de paz no bom caminho, por mais longe que pareçamos estar”, afirmou.

Durante a sua intervenção, apelou igualmente para o respeito pelos seres humanos e respetivos restos mortais, depois da polémica gerada nas últimas horas em torno da entrega de reféns mortos pelo Hamas a Israel através da Comissão Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Questionado sobre as violações do acordo de cessar-fogo israelo-palestiniano, Dujarric esclareceu que a ONU não está a supervisionar o cessar-fogo porque não é mediadora, indicando estar, neste momento, a concentrar-se em fornecer ajuda humanitária à população palestiniana faminta do enclave.

“Está a entrar mais ajuda. Não entra a suficiente. Não há suficientes postos de passagem fronteiriça abertos. Queremos que ambas as partes cumpram as suas obrigações, para que as pessoas possam ser alimentadas, obter medicamentos e receber ajuda para as alojar. Precisamos de que o cessar-fogo seja respeitado para podermos fazer o nosso trabalho”, vincou.

Pelo menos duas pessoas morreram hoje e 12 ficaram feridas em ataques aéreos israelitas à Faixa de Gaza, segundo a Defesa Civil local e o diretor do hospital Al-Shifa, o maior da cidade de Gaza.

Em comunicado, a Defesa Civil confirmou as primeiras mortes na vaga de bombardeamentos lançada hoje à noite, após o primeiro-ministro israelita acusar o Hamas de violar o cessar-fogo, em vigor desde 10 de outubro, e ordenar às Forças Armadas que retomassem os ataques ao território palestiniano.

Até agora, foram bombardeadas, além de várias zonas da cidade de Gaza, também a cidade de Rafah, no sul do enclave, e outras áreas no centro da Faixa de Gaza.

Entrou em vigor a 10 de outubro um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, a primeira fase de um plano de paz proposto por Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.

Esta fase da trégua envolveu a retirada parcial do Exército israelita para a denominada “linha amarela” demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e a Faixa de Gaza, a libertação de 20 reféns vivos em posse do Hamas e de 1.968 prisioneiros palestinianos.

O cessar-fogo visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 sequestradas.

A retaliação de Israel fez pelo menos 68.529 mortos – entre os quais mais de 20.000 crianças – e 170.407 feridos, na maioria civis, segundo números hoje atualizados (com as vítimas das quebras do cessar-fogo por Israel) pelas autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE