Saúde
Pílulas para dormir podem combater proteínas ligadas à Alzheimer (mas há um alerta)
Imagem: depositphotos.com
Apesar de ainda existir muito por descobrir sobre a doença de Alzheimer, investigadores continuam a explorar a relação entre sono de má qualidade e agravamento da doença.
Um estudo recente da Universidade de Washington, publicado em 2023 no Annals of Neurology, indica que o uso de pílulas para dormir pode reduzir temporariamente o acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro.
O estudo envolveu 38 adultos saudáveis, com idades entre os 45 e 65 anos, que não apresentavam sinais de comprometimento cognitivo nem problemas de sono. Durante duas noites numa clínica do sono, os participantes tomaram suvorexant — um tratamento comum para insónia — ou um placebo. Os investigadores recolheram amostras de líquido cefalorraquidiano a intervalos regulares para medir os níveis de beta-amiloide e tau, proteínas que se acumulam na doença de Alzheimer.
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Os resultados mostraram que uma dose de suvorexant reduziu os níveis de beta-amiloide entre 10 e 20%, comparativamente ao placebo. A dose mais elevada também reduziu temporariamente os níveis de tau hiperfosforilada, uma forma da proteína associada à formação de emaranhados e à morte celular. Contudo, esta redução não se manteve por mais de 24 horas.
Embora os resultados sugiram que a melhoria do sono pode ajudar a reduzir temporariamente proteínas ligadas à doença de Alzheimer, os investigadores alertam que ainda é prematuro recomendar pílulas para dormir como medida preventiva. “Seria prematuro para pessoas preocupadas em desenvolver Alzheimer interpretar isto como um motivo para começar a tomar suvorexant todas as noites”, disse o neurologista Brendan Lucey, que liderou o estudo.
O especialista acrescenta que o uso prolongado de pílulas para dormir não é ideal, podendo levar à dependência e a sono mais superficial, o que é contraproducente para a saúde cerebral.
Apesar das limitações, incluindo a curta duração do estudo e o pequeno número de participantes, a investigação reforça a ligação entre distúrbios do sono e Alzheimer. Estudos anteriores mostram que problemas de sono podem preceder outros sintomas da doença, como perda de memória e declínio cognitivo, e que noites mal dormidas podem aumentar os níveis de beta-amiloide.
“Melhorar a higiene do sono e tratar problemas como a apneia do sono são medidas sensatas para a saúde do cérebro em qualquer idade”, afirmou Brendan Lucey. Ele mantém a esperança de que, no futuro, será possível desenvolver medicamentos que tirem partido da relação entre sono e Alzheimer para prevenir o declínio cognitivo, mas admite: “Ainda não chegámos lá.”
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