Saúde
Equipa multidisciplinar de Coimbra desenvolve software para ajudar pessoas com doença fatal
Imagem: depositphotos.com
Uma equipa multidisciplinar liderada pela Escola Superior de Enfermagem da Universidade de Coimbra (ESEUC) está a desenvolver um software baseado em Inteligência Artificial (IA) para melhorar o estado de saúde das pessoas com cancro.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a ESEUC explicou que o software servirá para “apoiar a decisão clínica ao nível da avaliação e gestão remota do estado de saúde dos doentes oncológicos que fazem tratamento em regime ambulatório”.
“O objetivo é melhorar o acompanhamento das pessoas com cancro que se deslocam ao hospital apenas durante algumas horas do dia para realizarem tratamentos, regressando depois ao domicílio, onde normalmente sentem os efeitos adversos da terapêutica, mas já não contam com a presença dos profissionais de saúde”, acrescentou.
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A equipa multidisciplinar é composta por investigadores e professores de áreas da saúde, engenharia de software e IA, profissionais de saúde e doentes-parceiros.
Segundo Filipa Ventura – que lidera o consórcio que, até maio de 2028, vai desenvolver este sistema de apoio à decisão clínica – esta tecnologia “permitirá acompanhar, à distância, como cada pessoa se sente” quando está em casa ou no local de trabalho e “identificar precocemente sinais que merecem atenção, ajudando a equipa de saúde a ajustar o cuidado de forma mais personalizada”.
O consórcio integra a ESEUC, o Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e o Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil.
Intitulado “Digital Person – Avaliação e gestão de saúde centradas na pessoa e otimizadas por inteligência artificial, à distância em contexto de oncologia ambulatória”, o projeto é apoiado pelo programa Compete 2030 (com 85% do financiamento global, de quase 250 mil euros, a ser suportado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Filipa Ventura notou que o futuro sistema valorizará “não apenas os dados clínicos, como exames ou medições, mas também o modo como a pessoa experiencia o tratamento e descreve o seu próprio bem-estar”, nomeadamente “a forma como se sente cansada, com dores, alterações de sono ou de apetite, que são aspetos que ajudam os profissionais de saúde a compreender melhor a sua situação e a adaptar os cuidados”.
“Atualmente, os sistemas de monitorização existentes baseiam-se essencialmente em dados objetivos, como temperatura, número de episódios de vómito ou diarreia”, mas “o mal-estar pode começar muito antes de esses valores atingirem níveis críticos”, alertou a docente da ESEUC.
Com o recurso à IA, será possível “identificar padrões em conjuntos de informação muito variados, ajudando a detetar alterações precoces no bem-estar da pessoa que seriam difíceis de reconhecer apenas pela observação humana”, sublinhou Filipa Ventura, doutorada em Ciências da Saúde e especializada em Enfermagem Oncológica.
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