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Moçambique passa a enviar mensagens sobre intempéries para salvar vidas

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 horas atrás em 27-10-2025

 Uma plataforma de alerta para intempéries em Moçambique vai passar a enviar mensagens à população em situações críticas, com o objetivo de salvar vidas, num contexto de crescentes ameaças climáticas, foi hoje anunciado.

“A comunicação rápida, precisa e direcionada torna-se essencial”, justificou a presidente da Autoridade Reguladora das Comunicações de Moçambique (INCM), Helena Tomás, durante o lançamento do projeto de telecomunicações de resposta aos desastres naturais, em Maputo.

A responsável acrescentou que a plataforma “permite enviar mensagem de alerta geolocalizadas” via mensagem escrita de telemóvel (SMS) e respostas interativas de voz, para “alertar, informar e orientar a população em tempo real, em caso de emergência”.

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Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre anualmente entre outubro e abril, bem como secas prolongadas.

Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Só entre dezembro e março, na anterior época ciclónica, o país foi atingido por três ciclones – incluindo o Chido, o mais grave -, que, além da destruição de milhares de casas e infraestruturas, provocaram cerca de 175 mortos, no norte e centro do país.

Segundo a dirigente do INCM, esta plataforma é uma solução tecnológica que transforma a comunicação num instrumento de prevenção e resposta eficaz, reconhecendo ainda o papel das operadores de comunicações móveis como parceiros estratégicos por disponibilizarem essas infraestruturas.

“As telefonias móveis já dispõem de um centro de identificação do remetente, assegurando que, em situações críticas, as mensagens possam ser enviadas de forma massiva, rápida e interoperáveis entre redes, garantindo a cobertura nacional e reforçando a capacidade de salvar vidas”, reforçou Helena Tomás.

Este mecanismo, assegurou, será operado por profissionais devidamente formados, considerando que a componente formação é essencial e deverá ser contínua para assegurar que o sistema se mantenha “funcional, sustentável e alinhado com as boas prática internacionais”.

Segundo a presidente do INCM, o instrumento representa um avanço histórico para o setor das comunicações em Moçambique, considerando-a prova de que a tecnologia quando colocada ao serviço do bem comum pode ser um instrumento “poderoso de proteção, de inclusão e de solidariedade”.

“Cada mensagem enviada por esse sistema pode representar uma vida protegida, pode representar uma comunidade avisada, pode representar um risco mitigado, é portanto uma conquista coletiva em prol da prevenção e mitigação de risco e desastres naturais”, acrescentou a responsável, apontando-o como um “passo decisivo” na consolidação de uma sociedade “mais resiliente e preparada”, onde a informação circula com “rapidez, precisão e propósito”.

A presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, Luísa Meque, defendeu o reforço da capacidade das redes de comunicação, recordando que também são destruídas por intempéries, resultando em falhas de transmissão de dados e informações.

Por outro lado, considerou ser também “fundamental treinar continuamente” as equipas de emergências e os gestores de sistemas de comunicações e transmissão de dados para prevenir a interrupção de transmissão de dados ou informações.

O Governo moçambicano aprovou em 14 de outubro o plano de contingência para a época chuvosa 2025/2026, que admite poder afetar 1,2 milhões de pessoas, assumindo ter menos de metade dos 14 mil milhões meticais (190 milhões de euros) necessários.

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