Investigadores descobriram que o veneno da aranha armadeira pode reduzir a migração das células de tumores cerebrais.
A pesquisa, que envolveu amostras de células tumorais recolhidas no Hospital Santa Casa de São Paulo, mostrou que o veneno atua diretamente nas células gliais, especialmente nos astrócitos, responsáveis pelo desenvolvimento dos tumores. Um dos maiores desafios no combate ao glioblastoma, o tumor cerebral mais agressivo, é a barreira hematoencefálica, que protege o cérebro e dificulta a ação dos medicamentos. Contudo, o veneno da armadeira consegue “abrir” temporariamente esta barreira por cerca de 12 horas, facilitando a penetração dos tratamentos.
A investigadora Natália Barreto dos Santos, autora da tese, destaca que o veneno reduziu a capacidade de invasão das células tumorais, independentemente do grau de malignidade. A orientadora do estudo, professora Catarina Rapôso, que há mais de 20 anos estuda venenos, sublinha o potencial farmacológico da descoberta, refere o Jornal da UniCamp.
A equipa identificou duas moléculas no veneno, LW9 e LW11, que estão a ser patenteadas para uso combinado com quimioterápicos. Para além do cancro cerebral, a investigação vai avançar para testes no cancro da mama e conta ainda com uma parceria para desenvolver tratamentos veterinários.
Este trabalho inovador foi reconhecido com o Prémio Tese Destaque 2024/2025 da Unicamp e terá continuidade num pós-doutoramento na universidade.
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