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Segredo que guardou durante anos. Suspeito do rapto de Madeleine McCann fala pela primeira vez

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 14-10-2025

Christian Brueckner, o alemão suspeito de ter raptado Madeleine McCann em Portugal, falou publicamente pela primeira vez desde que foi libertado da prisão, e afirma ser alvo de uma “campanha para o destruir” e insiste que nada teve a ver com o desaparecimento da menina britânica.

A entrevista foi conduzida pelo jornalista Rob Hyde, na cidade portuária de Kiel, no norte da Alemanha, pouco depois de Brueckner, de 48 anos, ter cumprido uma pena de sete anos de prisão por violar uma mulher norte-americana. Apesar de estar em liberdade, continua sob vigilância policial, obrigado a usar uma pulseira eletrónica. O suspeito fala agora sobre o que guardou para ele durante 18 anos.

Questionado diretamente sobre o desaparecimento de Madeleine, ocorrido em 2007 na Praia da Luz, no Algarve, quando a menina tinha três anos, Brueckner respondeu: “Não, claro que não”. Os investigadores associam-no há vários anos ao caso, com base em provas circunstanciais, incluindo um número de telefone detetado nas imediações do resort Ocean Club na noite do desaparecimento. Na altura, Brueckner vivia e trabalhava na região, realizando pequenos trabalhos e traficando drogas e bens roubados, pode ler-se no Daily Star.

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O seu passado criminal inclui condenações por violação, abuso infantil, exposição indecente e posse de material pornográfico envolvendo menores. Foi também acusado de violar a turista irlandesa Hazel Behan em 2004 e de agredir sexualmente uma adolescente enquanto filmava o ataque, mas acabou absolvido das acusações num julgamento em Braunschweig, devido a erros processuais.

Durante o julgamento, a juíza presidente, Ute Insa Engemann, foi acusada de parcialidade, tendo chegado a suspender o mandado de prisão de Brueckner a meio do processo – decisão que gerou fortes críticas do Ministério Público. Testemunhas relataram comportamentos agressivos da magistrada em tribunal, incluindo gritos dirigidos a testemunhas e ordens inapropriadas a uma das vítimas.

Brueckner, porém, elogiou a juíza, descrevendo-a como “extremamente justa” e classificando a investigação como “um grande espetáculo” montado para o difamar.

Desde a sua libertação, tem sido transferido de cidade em cidade por razões de segurança, à medida que aumenta a indignação pública. Em Neumünster, chegou a ser visto disfarçado com barba falsa e a pedir comida, levando as autoridades locais a alertarem os residentes.

Segundo o próprio, vive com medo constante e sob vigilância quase permanente da polícia federal alemã, que segue os seus passos a partir de Wiesbaden. Brueckner queixa-se de que a sua pulseira eletrónica “zumbido sem motivo” e de ser seguido “até quando dorme ao relento”.

Os seus advogados, Friedrich Fulscher e Philipp Marquardt, acusam a polícia de assédio e afirmam que as restrições impostas violam os direitos humanos do seu cliente. Chegaram mesmo a sugerir que Brueckner deveria deixar temporariamente a Alemanha para escapar à hostilidade pública.

Brueckner acusa ainda o Ministério Público e a polícia de terem criado um “fantasma” e de lhe terem dado o seu nome: “Eles inventaram um bandido e acrescentaram-lhe o nome Christian Brueckner. Mas eu não sou esse homem.”

O procurador Hans-Christian Wolters, responsável pela investigação do desaparecimento de Madeleine McCann, reafirma que Brueckner continua a ser o principal suspeito e garante possuir “fortes indícios” que o ligam ao caso – provas essas que nunca foram tornadas públicas.

Enquanto o processo continua a arrastar-se, e sob a ameaça de prescrição legal, Christian Brueckner permanece sob vigilância apertada, mas tecnicamente em liberdade, sobrevivendo com apoios estatais que variam entre 550 e 1.000 euros por mês, e a viver entre o medo e a rejeição.

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