Coimbra

Protesto dos motoristas dos SMTUC chega à Baixa com recado à Câmara

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 10-10-2025

Coimbra voltou a parar esta sexta-feira, 10 de outubro, com a greve nacional dos trabalhadores dos transportes municipalizados, que regista 95% de adesão na cidade.

“Neste momento deveriam ter saído 74 autocarros, saíram apenas 4 até às 8:00”, indicou ao Notícias de Coimbra Luísa Silva, dirigente do STAL, que acompanha a paralisação junto aos SMTUC.

A greve foi decidida a 17 de setembro, num plenário nacional que juntou trabalhadores dos transportes municipalizados de Coimbra, Barreiro, Nazaré, Portalegre e Sintra. “Todos os trabalhadores decidiram manter a greve para este dia 10 de outubro. Até dia 7 não houve nenhuma novidade por parte do Governo relativamente às carreiras e às promessas que tinham sido feitas, e portanto manteve-se a greve marcada para hoje”, explicou a sindicalista.

PUBLICIDADE

Luísa Silva assegura que esta é uma greve “com grande vontade de mostrar descontentamento” e que não se trata de uma ação contra o presidente da Câmara de Coimbra.

“O presidente disse que isto era uma greve contra ele. Não há trabalhadores que parem por causa dele. Isto é uma greve pelas carreiras dos trabalhadores e por melhores condições dos transportes públicos”, afirmou.

Segundo a dirigente, o Barreiro está totalmente parado, e a Nazaré também sem transportes, confirmando o caráter nacional da paralisação.

Esta é já a quinta paralisação em Coimbra desde fevereiro, num ano marcado por várias ações de luta dos motoristas dos SMTUC. “Em Coimbra isto arrastou-se mais tempo porque foi aqui que o presidente da Câmara prometeu resolver a situação, e foi aqui que o secretário de Estado da Administração Local garantiu que haveria solução assim que o Governo tomasse posse. Passaram-se meses e nada foi resolvido”, recordou Luísa Silva.

A sindicalista sublinha que as promessas feitas em Coimbra acabaram por dar força ao movimento nacional, levando outros trabalhadores a juntarem-se à greve.

Os trabalhadores garantem que houve esforço para informar os utentes sobre a greve, mas que as comunicações foram retiradas das paragens. “Anteontem colocámos informação em todas as paragens de autocarro. Essas informações foram retiradas, todas. Alguém tenta que haja desinformação. Nós tentámos informar e pedir solidariedade à população, mesmo sabendo que causa incómodos”, afirmou.

Entre as principais reivindicações está a valorização das carreiras e a melhoria das condições salariais. “Se as carreiras forem valorizadas, há mais trabalhadores a entrar. Neste momento abrem-se concursos para motoristas e ficam desertos. Ninguém quer ser motorista com os ordenados que temos”, denunciou Luísa Silva.

Além dos baixos salários, os trabalhadores queixam-se de falta de descanso e férias reduzidas. “Estes trabalhadores não têm direito às férias normais dos outros. Só têm 18 dias por ano, porque os horários não permitem. Temos trabalhadores cansados que até podem pôr em causa a segurança dos autocarros”, alertou.

Durante a manhã, os grevistas permaneceram concentrados junto aos SMTUC e seguirão depois até à Câmara Municipal de Coimbra, onde pretendem contactar diretamente a população. “Vamos à Baixa da para falar com as pessoas e entregar os comunicados que tínhamos nas paragens. Ao presidente da Câmara já não há nada a dizer neste momento — ele já ouviu as nossas reivindicações há quatro anos”, afirmou Luísa Silva.

Até às 8:00, apenas quatro autocarros circularam em Coimbra, quando deveriam estar na rua 74 veículos, segundo os números avançados pelo STAL. A adesão à greve ronda 95%, afetando sobretudo as zonas periféricas da cidade, onde a falta de transportes é mais sentida.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE