Alfredo Cunha é um dos maiores nomes do fotojornalismo português, com uma carreira que o levou de cenários de guerra no Iraque às ruas de Lisboa no 25 de Abril de 1974. Mas, entre tantas experiências marcantes, há uma que o próprio descreve como o seu “milagre de Fátima”
O episódio aconteceu em 1973, quando ainda trabalhava para “O Século Ilustrado”. A missão parecia banal: uma reportagem sobre Fátima. “Ninguém queria ir. Era sempre o mesmo — as senhoras com as velas, as procissões…”, contou o fotógrafo, em entrevista à Antena 1.
Determinou-se, contudo, a fazer uma imagem diferente. “Subi à torre da basílica e, lá de cima, via-se uma cruz de velas. Estava entusiasmadíssimo, porque era uma fotografia como nunca tinha visto.”
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Mas a inspiração rapidamente deu lugar ao susto. “De repente, o sino começou a tocar. E eu estava dentro do sino.” O estrondo foi tão repentino que Alfredo deu um salto, felizmente para o lado certo.
“Podia ter caído lá de cima. Para mim, o meu milagre de Fátima é esse.”, afirma
O fotógrafo lembra-se de ter ficado com um zumbido nos ouvidos “durante meses”.
“Nem sei como desci dali. Foi instinto puro.”, diz.
Hoje, mais de 50 anos depois, sempre que regressa ao santuário e olha para a torre, Alfredo Cunha recorda aquele momento com humor e espanto: “Eu podia ter saltado cá para baixo. Mas saltei para o outro lado.”
Um episódio que, entre guerras e revoluções, se tornou o mais improvável, e talvez o mais sagrado, da sua longa vida de repórter.
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