A Igreja Moçárabe de São Pedro de Lourosa, situada na antiga aldeia de Lourosa, é um dos templos mais notáveis do país, com uma história que remonta a 912 d.C., conforme indica a lápide existente.
De forma basilical, com transepto saliente e cabeceira tripartida, a igreja apresenta três naves separadas por arcarias em arco de ferradura, sendo a central mais longa e precedida, na fachada principal, por um nártex de compartimento único.
O interesse científico e cultural pelo templo surgiu no início do século XX, com a identificação do seu estilo moçárabe — uma fusão de elementos cristãos visigóticos e influências da cultura árabe, refletindo a presença mourisca na região entre os séculos VIII e XI. Entre os elementos mais singulares deste estilo destacam-se os arcos em ferradura e as janelas em ajimez (geminadas), únicas da Alta Idade Média em Portugal.
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Classificada como Monumento Nacional em 14 de junho de 1916, a igreja passou por trabalhos de restauro em 1930 que recuperaram o seu estilo primitivo e revelaram vestígios arqueológicos anteriores, incluindo estruturas da época romana. O orago do templo é a “cadeira de São Pedro de Antioquia”, também única em Portugal.
A igreja mantém um contínuo culto cristão há 1.104 anos, sendo uma das mais antigas do país ainda em funcionamento. Assenta sobre uma necrópole com sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, que se estendem pelo adro e são consideradas únicas na região do Mondego.
Nos últimos anos, a Igreja de São Pedro de Lourosa tornou-se destino de peregrinação para estudiosos e turistas culturais, nacionais e internacionais. Está incluída na Rota da Moura Encantada, um roteiro europeu que evidencia a presença árabe, e foi tema de uma dissertação de mestrado na Faculdade de Letras de Lisboa em 2002. Em 2012, as comemorações dos 1.100 anos do templo deram origem a eventos religiosos, culturais e artísticos, incluindo a realização da Feira Moçárabe, pioneira em Portugal, que já contou com quatro edições.
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