Pesquisas recentes sugerem que doses baixas de lítio podem ajudar a prevenir e até reverter os efeitos da doença de Alzheimer. Estudos com ratos mostraram que o elemento ajudou a eliminar proteínas associadas à doença e restaurou a memória dos animais. Ensaios clínicos em humanos são o próximo passo.
O lítio é conhecido há décadas como tratamento eficaz para a perturbação bipolar e alguns tipos de depressão major, mas só recentemente pesquisadores começaram a investigar seu potencial neuroprotetor. “Até há muito pouco tempo, não achávamos que o lítio fosse fisiologicamente necessário”, explica Tomas Hajek, psiquiatra da Dalhousie University, no Canadá.
Estudos observacionais já haviam sugerido que pacientes bipolares tratados com lítio apresentavam risco menor de desenvolver Alzheimer, comparável ao da população geral. Exames cerebrais indicaram que esses pacientes mantinham volumes normais do hipocampo, região fundamental para a memória.
PUBLICIDADE
A pesquisa também aponta que mesmo pequenas quantidades de lítio presentes na água potável podem estar associadas a taxas mais baixas de declínio cognitivo e agressão. Experimentos com ratos mostraram que a privação de lítio aumentava a formação de placas amilóide beta e emaranhados de tau — proteínas ligadas à doença de Alzheimer — e prejudicava a memória. A reposição de lítio, mesmo em doses muito baixas, reverteu esses efeitos.
O mecanismo ainda não é totalmente compreendido, mas há evidências de que o lítio pode ativar processos de limpeza celular (autofagia) e inibir a enzima GSK-3 beta, que contribui para a formação de placas e emaranhados no cérebro, dá conta a National Geographic.
Ensaios clínicos em humanos já estão sendo planejados. No Chile, o psiquiatra Paul Vöhringer busca voluntários idosos com perturbações de humor para testar doses baixas de lítio durante cinco anos, com o objetivo de prevenir o declínio cognitivo. O desafio, segundo ele, é a falta de financiamento, já que o lítio é um elemento natural e barato, sem grande interesse comercial para as farmacêuticas.
Embora seja necessário mais estudo para compreender todos os efeitos do lítio no cérebro, especialistas enfatizam que os resultados iniciais são promissores e podem abrir caminho para uma nova estratégia na prevenção do Alzheimer.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE