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O mar que amava acabou com a sua vida: Américo Tarralheiro e a tragédia a dois passos da costa na Figueira da Foz

A Figueira da Foz recordou esta segunda-feira, 6 de outubro, os pescadores vítimas do naufrágio do Olívia Ribau, ocorrido há 10 anos, numa cerimónia marcada por emoção e lembranças familiares.
Entre os presentes estavam familiares de Américo Tarralheiro, natural da Praia de Mira, uma das cinco vítimas mortais, incluindo a irmã Ana Luísa e o sobrinho David.
O Notícias de Coimbra acompanhou a homenagem e conversou com os familiares, que descreveram a perda como “uma dor que não tem fim”. David, hoje com 22 anos e com apenas 12 na altura da tragédia, disse que se sentiu honrado ao participar no descerramento da placa que simboliza a memória dos pescadores: “Senti algo especial que não consigo arranjar palavras para conseguir descrever.”
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A irmã de Américo, Ana Luísa, lembrou a relação próxima entre o irmão e o sobrinho: “Ele não era tio, era um pai. O meu irmão dizia que ele era o filho que ele nunca teve. Eram muito ligados um ao outro.”
Ana Luísa recordou ainda a paixão de Américo pelo mar, que acabou por ser também o palco da sua tragédia: “Ele não quis estudar, queria ir para o mar. E a vida dele foi sempre o mar. E acabou no mar.”
Sobre o dia do naufrágio, a família descreveu momentos de dor e perplexidade: “Estava em casa quando recebi a notícia. Foi complicado. Muito complicado. Porque não tenho mais nenhum irmão. É uma dor que não tem fim. Muitas lembranças, muitas memórias, muita saudade.”
David acrescentou: “É como disseram, e é verdade, a dois passos de terra perderem a vida. É muito. Não há explicação, não há palavras para nós percebermos ainda hoje. Porquê? O mar estava picado. Mas realmente há coisas que nós não mandamos e por muito mais que se faça do mar uma vida, nunca se conhece este mar. Quem lá está em cima é que manda. E assim foi.”
Américo Tarralheiro, tinha 44 anos quando faleceu. A cerimónia de hoje incluiu o descerramento de uma placa que ficará como símbolo da memória e coragem de todos os pescadores que perderam a vida no mar da Figueira da Foz.
“Agora ficará imortalizado, não pelas melhores razões, mas pelo menos com esta placa que simboliza a força destes homens que foram nesta arrastão e que perderam a vida aqui neste mar da Figueira da Foz,” concluiu a irmã Ana Luísa.
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