Os moradores de um prédio em Alcochete vivem dias de aflição devido ao mau cheiro que emana de um apartamento do 1.º andar, onde a proprietária de 62 anos foi encontrada morta no passado dia 16 de junho.
A mulher estaria morta há mais de um mês quando os bombeiros arrombaram a porta para retirar o cadáver.
Após a intervenção dos bombeiros, a porta do apartamento ficou inutilizada e o condomínio apenas conseguiu colocar uma lona a tapar a entrada. No entanto, a barreira improvisada não consegue conter o odor intenso que se espalha pelo edifício.
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“A casa estava cheia de lixo, porque a senhora seria acumuladora. Tinha o frigorífico cheio e tinha gatos, aos quais não sabemos o que aconteceu. É um risco para a saúde pública e temos crianças no prédio sujeitas a isto, além da questão da segurança, porque qualquer um pode entrar por ali”, afirmou Luís Mendes, morador do edifício de quatro andares ao Correio da Manhã.
Os residentes contactaram uma empresa especializada em limpeza de locais de crime, mas, segundo Luís Mendes, só é possível intervir com ordem judicial. “A senhora não terá descendentes, apenas a mãe que está acamada e demente, por isso vai demorar muito até a casa reverter para o Estado. Deixem-nos pelo menos fazer a limpeza, para termos condições de habitabilidade”, acrescentou.
A Câmara de Alcochete admite que há “preocupações legítimas quanto à saúde pública”, mas afirma que, “até ordem judicial”, não tem “legitimidade para intervir na fração”. A autarquia garante ter enviado um ofício ao Ministério Público, com conhecimento das autoridades policiais locais, delegada de saúde e bombeiros, solicitando celeridade no processo, mas não houve resposta. Quando questionada sobre a data do envio do ofício, a câmara não respondeu.
O processo para encontrar os descendentes da idosa e permitir a limpeza da casa continua em curso, mas os moradores afirmam que a situação se arrasta há meses, sem soluções à vista, colocando em risco a saúde e a segurança de quem vive no prédio.
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