O presidente do CDS-PP disse hoje em Vale de Cambra que será “uma boa notícia” o regresso dos portugueses detidos por Israel, embora mantenha que a flotilha para Gaza foi um “gesto panfletário” que não resolveu nenhum problema humanitário.
À margem de um comício no referido concelho do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, o líder nacional do partido reagia às recentes acusações do ex-presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues, que o acusou de “enorme gravidade e irresponsabilidade” ao considerar apoiantes de terroristas os quatro portugueses detidos em Israel a bordo de uma flotilha humanitária rumo à Palestina – entre os quais Mariana Mortágua, coordenadora do BE.
“Mal seria se eu, presidente do CDS, tivesse que pedir autorização a Ferro Rodrigues para me pronunciar sobre aquilo que para mim e para o CDS faz todo o sentido, porque é totalmente lógico”, declarou Nuno Melo.
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“Sim, o Hamas é uma organização terrorista, como tal considerada desde logo pela União Europeia. Qual é a dúvida de Ferro Rodrigues?”, acrescenta o líder do CDS-PP, sobre a organização que em 2023 foi autora do atentado em Israel que originou a posterior guerra em Gaza.
Insistindo que “o CDS é um partido onde a liberdade se pratica” e que não está “sob tutela”, Nuno Melo afirmou: “Nós dispensamos muito bem todos os tiques de quaisquer pequenos aprendizes de Lenine e, sim, o que se acha no CDS e se afirma – com direito a essa expressão, que é livre – é que a flotilha foi um gesto panfletário que não resolveu em nada os problemas humanitários”.
Para Nuno Melo, que é também ministro da Defesa Nacional, a iniciativa dos quatro portugueses representa riscos para Portugal enquanto estado: “Quando alguns movimentos mais radicais se congregam para atacar os nossos aliados – a NATO e aqueles de quem dependeremos se alguma vez precisarmos – os principais beneficiários são, por exemplos, os `proxys´ do Irão. (…) Por isso, Ferro Rodrigues representa aquela ala um bocadinho mais radical à esquerda do PS – o que não será um problema para o CDS e, quando muito, é-o para a atual liderança socialista”.
Quanto à deportação por Israel dos quatro portugueses, cuja chegada a Portugal foi anunciada para hoje à noite, Nuno Melo refere que, “se eles chegarem, é uma boa notícia”, mas admite maiores expectativas quanto ao seu comportamento daí em diante.
“Todos nós desejamos que aqueles que foram detidos – e que saberiam [antes da viagem] que, sendo Israel um estado de direito, a detenção seria um destino provável – sejam agora devolvidos ao seu país. Já fizeram o seu número, a sua proclamação política”, começa por afirmar o líder do CDS.
“Mas espero que não se venham agora juntar a algumas manifestações como aquela onde vi, entre outras coisas, cartazes a dizer ‘Israel não devia existir’, por acharem que, sendo a favor da Palestina, têm que extinguir o estado de Israel”, remata.
Para Nuno Melo, importante é que os reféns do Hamas “sejam devolvidos às suas famílias em Israel” e que, tanto aí como em Gaza, as agressões terminem e “exista paz”.
Sobre novas manifestações, diz defender o direito a elas, mas, questionado sobre a possibilidade de a Esquerda estar a inflamar esses protestos, diz que tais iniciativas devem cumprir as regras de um Estado de direito, “onde todos podem falar sem que, para isso, terem que silenciar o outro”.
“O CDS não aceita que uma manifestação seja transformada em intimidação e (…) prejudique outras pessoas que querem viver a sua vida”, conclui, com uma promessa: “Nunca me verão em nenhuma manifestação em que se diga que um país tem que deixar de existir e que esse povo terá que rumar a outro lado qualquer”.
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