O Município de Arganil foi distinguido, esta terça-feira, em Bruxelas, com o prémio New European Bauhaus – Boost for Small Municipalities, atribuído pela Comissão Europeia, no valor de 30 mil euros.
O galardão foi entregue ao presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa, e reconhece o projeto The Water Gaurdians: Healing Communities, Healing Landscapes, que prevê a revitalização dos antigos lavadouros de Cepos, na União das Freguesias de Cepos e Teixeira.
Para Luís Paulo Costa, o projeto demonstra como a memória e a cultura local podem orientar soluções inovadoras para os desafios do presente e do futuro. “É com enorme orgulho que recebemos este prémio em nome de Arganil e da população de Cepos. O reconhecimento europeu deste projeto que dá nova vida aos lavadouros de Cepos prova que, mesmo em territórios pequenos, conseguimos dar resposta a desafios globais, com soluções inovadoras que refletem a identidade do nosso concelho”.
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Este prémio distingue municípios de pequena dimensão que desenvolvem soluções inovadoras e replicáveis, alinhadas com os valores do Novo Bauhaus Europeu – sustentabilidade, inclusão e beleza.
O projeto Water Guardians inspira-se e valoriza o papel histórico das mulheres na gestão comunitária e na centralidade dos lavadouros na vida social da aldeia de Cepos. Hoje inativos, estes espaços serão transformados em laboratórios vivos de água, biodiversidade e resiliência contra incêndios, mas também em lugares de encontro, aprendizagem e renovação comunitária.

A iniciativa, que constitui um marco da estratégia municipal de valorização territorial, tem como principais objetivos reforçar a resiliência ambiental e social, através da conservação da água, da criação de habitats para polinizadores, anfíbios e aves e do armazenamento de reservas hídricas para apoio no combate a incêndios.
Pretende ainda preservar a memória cultural e comunitária, reconhecendo o papel das mulheres no quotidiano rural e recuperando a função social dos lavadouros, além de promover a inclusão e a educação ambiental, em parceria com escolas e instituições locais, envolvendo diferentes gerações na preservação do património.
O projeto nasce do trabalho iniciado após os devastadores incêndios de 2017, quando a Câmara Municipal de Arganil intensificou a colaboração com a academia – nomeadamente com a Universidade de Harvard e com o Politécnico de Coimbra, no desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis para os territórios rurais de montanha.
Fruto desta parceria, foram realizados programas de residência e oficinas de cocriação, que envolveram investigadores, arquitetos paisagistas, biólogos, artesãos locais e, sobretudo, a comunidade. A metodologia assenta na integração de diferentes saberes (científicos, técnicos e populares) e na participação ativa dos residentes, garantindo que o projeto respeita a identidade local e responde às necessidades do território.
Com um forte caráter inovador e replicável, o projeto poderá ser implementado noutras aldeias do concelho e da região, bem como noutros países que disponham de estruturas semelhantes, como tanques e lavadouros atualmente em desuso. Esta abordagem tem potencial para se tornar um modelo europeu de boas práticas no combate à desertificação humana e ecológica, promovendo a coesão social e contribuindo para um futuro mais sustentável e integrado.
O projeto prevê a requalificação dos lavadouros e áreas envolventes. O projeto integra três componentes essenciais: a criação de jardins de água e biofiltros, que purificam a água de forma natural; a construção de um terraço de secagem de roupa, pensado como espaço comunitário e educativo; e, por fim, potenciar a utilização da água armazenada nos lavadouros como recurso de apoio às autoridades no combate a fogos rurais.
Este reconhecimento europeu confirma a aposta do Município de Arganil em soluções inovadoras e sustentáveis, que conciliam preservação ambiental, valorização cultural e coesão social. Mais do que um prémio, o Water Gardians representa uma oportunidade para projetar o concelho além-fronteiras, afirmando-o como exemplo de como os pequenos territórios podem contribuir para enfrentar os grandes desafios do futuro.
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