O líder do PS afirmou que o nascimento de bebés na rua é “um cenário nunca visto no nosso país”, mas os números apresentados pelo PSD estão corretos: desde 2022 nasceram uma média de 17 crianças na via pública.
No debate quinzenal realizado na Assembleia da República a 24 de setembro, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, afirmou que “em 2022 nasceram 18 crianças na via pública [e] em 2023 nasceram [outras] 15 crianças na via pública”.
Estes números foram partilhados em resposta ao deputado José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, que anteriormente afirmou que “nunca nasceram tantas crianças nas ambulâncias portuguesas e, mais grave, houve mesmo uma mãe que chegou a dar à luz na rua, um cenário nunca visto no nosso país” (mesmo link, aos 44:58).
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Na resposta, Hugo Soares exibiu dois artigos de jornais com os títulos: “Duas meninas nascem na estrada a caminho da maternidade” e “O que se passou afinal durante o parto em plena rua de Lisboa?”, sem especificar as datas.
Pesquisas pelos títulos dos artigos apresentados revelam que são de 2020, do Correio da Manhã e do Expresso, pelo que não se reportam aos alegados casos de 2022 e 2023, período em que José Luís Carneiro desempenhou funções de ministro da Administração Interna.
Quanto aos alegados partos na via pública, apesar de não terem sido detetados casos mediáticos nesses anos, os números estão corretos. Em resposta à Lusa Verifica, o deputado Hugo Soares esclareceu que “são dados oficiais do Ministério da Saúde e públicos porque foram apresentados pela ministra na audição parlamentar realizada a 17 de setembro.”
De facto, nessa data, a ministra Ana Paula Martins apresentou o levantamento do número de partos realizados em contexto pré-hospitalar entre 2022 e 2025, nomeadamente em ambulâncias, na via pública, em unidades de cuidados de saúde primários e no domicílio.
Segundo esses dados, em 2022 realizaram-se 25 partos em ambulâncias, 18 na via pública e 126 em domicílio, num total de 169 partos em contexto pré-hospitalar. No ano seguinte, 2023, realizaram-se 18 partos em ambulâncias, 15 na via pública e 140 no domicílio, num total de 173 partos nestes contextos.
Os números revelam que também é verdade que nos últimos dois anos registou-se um aumento do número de partos em ambulâncias, com 28 em 2024 e 32 em 2025, mas manteve-se o número de partos na via pública, com 17 e 18, respetivamente. Este ano registou-se também um parto numa unidade de cuidados de saúde primários.
Quanto aos partos em domicílio, registaram-se 144 em 2024 e 103 já este ano, até meados de setembro, perfazendo um total de 189 partos em contexto pré-hospitalar em 2024, e 154 desde o início do ano.
Estes números são confirmados pelo INEM, que esclarece que são dados apurados até 14 de setembro e nota que “os partos em ambiente pré-hospitalar sempre se verificaram, sendo vários os motivos para a sua ocorrência, desde logo a chamada tardia para o 112, situações em que o parto já era iminente na altura da chamada, entre outros.”
É verdade que em 2022 realizaram-se 18 partos na via pública e em 2023 outros 15, números semelhantes aos dos últimos dois anos, com 17 em 2024 e 18 até meados de setembro deste ano.
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