Foi aprovado pela Câmara Municipal de Arganil, em reunião do Executivo realizada a 23 de setembro, o projeto de execução da empreitada de reabilitação e requalificação do Teatro Alves Coelho, num investimento superior a 5 milhões de euros.
Trata-se de um passo decisivo para devolver à vida arganilense um dos seus mais emblemáticos equipamentos, encerrado há mais de 20 anos, que se afirma como um marco do património cultural e identitário do concelho e que está classificado como Monumento de Interesse Municipal.
A intervenção agora aprovada é da autoria do arquiteto João Mendes Ribeiro, que esteve presente na reunião de Câmara para apresentar e explicar o projeto. Visa, de forma integral, a reabilitação e requalificação arquitetónica do edifício, garantindo a preservação das suas características distintivas e a adaptação às exigências técnicas e legais atuais, por forma a restituí-lo à função para a qual foi construído há precisamente 70 anos.
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Entre os principais trabalhos previstos destaca-se a reabilitação do edifício principal, salvaguardando a sua estabilidade estrutural e preservando a caracterização formal e os elementos arquitetónicos e ornamentais que o distinguem. Estão ainda consideras a integração e atualização das novas infraestruturas e instalações técnicas indispensáveis ao funcionamento do teatro (climatização, tratamento de ar, rede elétrica e telecomunicações, sistemas de segurança contra incêndios, condicionamento térmico e acústico, acessibilidades, abastecimento de água, saneamento de águas residuais e mecânica de cena).
Após esta intervenção, o Teatro Alves Coelho ficará dotado de 308 lugares, distribuídos pela sala de espetáculos e pelo balcão, dos quais dez serão amovíveis para assegurar lugares destinados a utilizadores com mobilidade condicionada.
O projeto contempla também a ampliação do conjunto edificado, através da construção de um novo edifício destinado ao programa funcional complementar (sala de ensaios, camarins, balneários, instalações sanitárias e áreas técnicas), que ficará encastrado na encosta a poente e ligado ao edifício principal por um novo corpo de circulações verticais, com escada e elevador.
A área exterior será igualmente alvo de intervenção de arquitetura paisagista, incidindo sobre a esplanada da cafetaria existente e o talude envolvente dos lados sul e poente, reforçando a integração do teatro no espaço urbano.
Para Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, “este foi um passo essencial para avançar com a candidatura a fundos comunitários, candidatura essa que será determinante para viabilizar a intervenção e tornar possível a concretização de um projeto que pretende devolver aos arganilenses um equipamento histórico, parte integrante da memória de Arganil e que se deseja venha a desempenhar um papel central na vida cultural do concelho
No passado dia 24 de setembro, o Município apresentou candidatura ao Programa Operacional Regional CENTRO 2030, no âmbito da Valorização do Património Cultural, para financiamento do valor global da intervenção, estimado em cerca de 6 milhões de euros. A decisão sobre esta candidatura deverá ser conhecida no prazo de 60 dias, sendo expectativa do Município que a candidatura seja aprovada, permitindo dar início o quanto antes a esta obra prioritária para o futuro de Arganil.
Inaugurado em 1954, o Teatro Alves Coelho é um dos mais emblemáticos exemplos da arquitetura de espetáculo do século XX em Portugal, integrando o movimento dos Cine-Teatros e assumindo particular relevância enquanto expressão do estilo Moderno. Referenciado no IAP20 – Inquérito à Arquitetura do Século XX, destaca-se pela volumetria imponente, fachada avermelhada singular e painéis escultóricos de Aureliano Lima alusivos às artes do espetáculo. No interior, sobressaem a placa com as palavras de Miguel Torga e as telas de Guilherme Filipe, testemunhos de um legado cultural e artístico que importa preservar.
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