Economia

Jovens criam manifesto e petição contra desperdício

Notícias de Coimbra com Lusa | 33 minutos atrás em 27-09-2025

 Mais de uma centena de jovens entre os 14 e os 25 anos juntou-se para criar um manifesto que pede mudanças concretas no combate ao desperdício, e criou uma petição de apoio à iniciativa, para entregar ao Governo.

A petição está já online, para que a comunidade em geral possa apoiar o projeto, e no final do próximo mês deverá ser entregue aos ministérios da Educação e do Ambiente, disse à Lusa Sara Morais Pinto, co-fundadora da Zero Waste Lab, associação que tem com objetivo combater o desperdício e que conduziu a iniciativa.

O “Manifesto Wasteless”, por uma geração “com futuro, de ação e sem desperdício”, começa por apresentar a geração “que herda um planeta em desequilíbrio, mas também a que tem o poder e o dever de mudar o rumo”.

PUBLICIDADE

“Não queremos continuar num modelo de desperdício que consome os nossos recursos, destrói ecossistemas e compromete a nossa qualidade de vida e das próximas gerações”, dizem os jovens, que acrescentam querer comprometer-se com um mundo onde nada se perde, onde os resíduos são evitados à partida, e “onde o valor dos recursos naturais, humanos, materiais, financeiros, é respeitado e potenciado”.

O documento propõe quatro eixos de ação, o primeiro “Conhecer para Agir”, segundo o qual os jovens querem ser informados para poder escolher, influenciar e agir, exigindo informação clara nos produtos e educação ambiental, acessível e contínua. É necessário, dizem, conhecer alternativas de consumo, saber onde estão, a que preço, e qual o seu impacto.

“Lixo Zero”, que não representa escassez mas inteligência, é outro eixo, com os jovens a exigirem cidades limpas, comunidades resilientes e sistemas de produção e consumo regenerativos.

“Exigimos facilidade e incentivos para sistemas de reutilização e retorno, para a reparação, consumo em segunda mão, transportes públicos e/ou suaves, incentivos ao consumo local e a granel”, dizem.

E no terceiro eixo, “Mudança”, exigem políticas públicas, incentivos e infraestruturas que facilitem a reutilização, reparação e reintegração, garantindo que tudo se transforma.

No quarto eixo os jovens assumem o compromisso de reduzir o lixo produzido, de escolher e apoiar produtos e serviços reutilizáveis, rejeitar o consumo excessivo e impulsivo, e influenciar as suas comunidades.

Segundo Sara Morais Pinto, foram os jovens os construtores do manifesto, na sequência de um longo percurso mediado pela Zero Waste Lab entre jovens de várias regiões, que contribuíram com testemunhos e propostas.

Não foi, disse à Lusa, um processo fácil, com “tabus e resistências”. Porque os jovens, explicou, sabem a importância do ambiente, de não poluir, dos oceanos, mas não sabem depois como mudar. “Não é a resistência de não fazer, é a resistência de não saber como fazer”.

Mas depois quando dedicam tempo aos problemas “dá-se o inverso e têm uma vontade imensa de fazer coisas”. Foi assim com o manifesto, foi assim com a petição, que é “mais uma forma de envolvimento”.

Agora o objetivo é, afiançou, chegar a mais gente, envolver escolas também, usar as redes sociais, alargar o movimento “gota a gota”.

O projeto é cofinanciado pela União Europeia e conta ainda com o apoio da NOPLANETB, uma iniciativa que junta vários países europeus e que em Portugal é desenvolvida pela AMI – Assistência Médica Internacional, e tem também como parceiras duas organizações de jovens, a RYSE (criada em 2022, para um planeta mais sustentável) e o Centro de Juventude de Lisboa.

A divulgação da iniciativa acontece numa altura em que se comemora uma data para sensibilizar para um dos principais desperdícios, os alimentos. O Dia Internacional de Consciencialização sobre Perda e Desperdício de Alimentos, proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unida, assinala-se na segunda-feira.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE